PREVALÊNCIA DE SÍFILIS E COINFECÇÃO COM HIV NA POPULAÇÃO TRANSGÊNERO ACOMPANHADA NO AMBULATÓRIO MULTIDISCIPLINAR DE ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO TRANSGÊNERO NO CENTRO ESTADUAL ESPECIALIZADO EM DIAGNÓSTICO, ASSISTÊNCIA E PESQUISA - BAHIA (CEDAP-BA)

Autor: Júlia Brito Vieira Thimmig, Miralba Freire de Carvalho Ribeiro da Silva, Patrícia Maria Almeida Silva, Ailton da Silva Santos, Monaliza Cardozo Rebouças, Luciana Mattos Barros Oliveira, Leila Regina Amorim Araújo de Azevedo
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2023
Předmět:
Zdroj: Brazilian Journal of Infectious Diseases, Vol 27, Iss , Pp 103220- (2023)
Druh dokumentu: article
ISSN: 1413-8670
DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103220
Popis: Introdução/Objetivo: Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, foram registrados no Brasil mais de 167 mil novos casos de sífilis adquirida, e até junho de 2022, somaram-se mais 79.587 casos. Em 2018 foi relatado prevalência de sífilis de 26,9% em homens que fazem sexo com homens, valores 355 vezes maiores que os da população geral brasileira, com variação de 30 a 75% em mulheres transgênero, dependendo da região do país. É conhecida a dificuldade de acesso da população transgênero a serviços de saúde, que leva a escassez de dados deste recorte populacional e influi negativamente no planejamento de assistência e promoção da qualidade de vida. Este estudo objetiva contribuir para o conhecimento da saúde da população transgênero, provendo dados para a melhoria da assistência. Métodos: Trata-se de um estudo original, descritivo e de corte transversal, com amostragem por conveniência, não probabilística. Os dados foram coletados a partir de questionários elaborados para um estudo de coorte em atenção à saúde das pessoas transgênero atendidas no CEDAP. A população inclui todos os homens e mulheres transexuais, travestis, gênero Queer e não binário cadastradas no CEDAP, maiores de 18 anos, em acompanhamento ambulatorial, que tenham assinado o termo de consentimento livre e esclarecido. Resultados: Foram colhidos 108 questionários. A maioria dos participantes foram mulheres trans, heterossexuais, negras, que se relacionavam com homens cisgêneros. Dos pacientes testados para sífilis, 53,8% apresentaram teste rápido (treponêmico) reagente e 62,7% VDRL reagente, sendo esses, 100% mulheres trans. Cerca de 30% dos pacientes apresentaram ambos os testes treponêmico e VDRL positivos (infecção recente) e 27,8% tinham coinfecção entre HIV e sífilis. Os pacientes envolvidos foram majoritariamente heterossexuais e relataram relações com homens cis. Essas informações associadas ao baixo uso de preservativos em todas as relações sexuais são fatores de risco para a incidência de infecções sexualmente transmissíveis em mulheres transgêneros. Tais dados se refletem na alta taxa de prevalência de sífilis encontrada na população estudada, muito superior à da população geral, somando-se ao fato de que todos os testes reagentes ocorreram em mulheres trans. Conclusão: Os dados obtidos reforçam a necessidade de campanhas educacionais para prevenção da sífilis, além do tratamento e acompanhamento desse recorte populacional, que se mostra mais sujeito aos fatores de risco dessa patologia.
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