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Introdução/Objetivo: Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, foram registrados no Brasil mais de 167 mil novos casos de sífilis adquirida, e até junho de 2022, somaram-se mais 79.587 casos. Em 2018 foi relatado prevalência de sífilis de 26,9% em homens que fazem sexo com homens, valores 355 vezes maiores que os da população geral brasileira, com variação de 30 a 75% em mulheres transgênero, dependendo da região do país. É conhecida a dificuldade de acesso da população transgênero a serviços de saúde, que leva a escassez de dados deste recorte populacional e influi negativamente no planejamento de assistência e promoção da qualidade de vida. Este estudo objetiva contribuir para o conhecimento da saúde da população transgênero, provendo dados para a melhoria da assistência. Métodos: Trata-se de um estudo original, descritivo e de corte transversal, com amostragem por conveniência, não probabilística. Os dados foram coletados a partir de questionários elaborados para um estudo de coorte em atenção à saúde das pessoas transgênero atendidas no CEDAP. A população inclui todos os homens e mulheres transexuais, travestis, gênero Queer e não binário cadastradas no CEDAP, maiores de 18 anos, em acompanhamento ambulatorial, que tenham assinado o termo de consentimento livre e esclarecido. Resultados: Foram colhidos 108 questionários. A maioria dos participantes foram mulheres trans, heterossexuais, negras, que se relacionavam com homens cisgêneros. Dos pacientes testados para sífilis, 53,8% apresentaram teste rápido (treponêmico) reagente e 62,7% VDRL reagente, sendo esses, 100% mulheres trans. Cerca de 30% dos pacientes apresentaram ambos os testes treponêmico e VDRL positivos (infecção recente) e 27,8% tinham coinfecção entre HIV e sífilis. Os pacientes envolvidos foram majoritariamente heterossexuais e relataram relações com homens cis. Essas informações associadas ao baixo uso de preservativos em todas as relações sexuais são fatores de risco para a incidência de infecções sexualmente transmissíveis em mulheres transgêneros. Tais dados se refletem na alta taxa de prevalência de sífilis encontrada na população estudada, muito superior à da população geral, somando-se ao fato de que todos os testes reagentes ocorreram em mulheres trans. Conclusão: Os dados obtidos reforçam a necessidade de campanhas educacionais para prevenção da sífilis, além do tratamento e acompanhamento desse recorte populacional, que se mostra mais sujeito aos fatores de risco dessa patologia. |