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O presente estudo teve como objetivo geral investigar a(s) maneira(s) pela(s) quais usuários de serviços de saúde mental, que se associaram a uma cooperativa de trabalho solidário, percebem a efetividade desta enquanto um recurso possível para potencializar a autonomia e as trocas sociais. Buscou-se, ainda, como objetivos específicos, verificar: a) as distintas utilizações do trabalho no contexto da psiquiatria tradicional e a (re)configuração do sentido desse, a partir da reforma psiquiátrica italiana e brasileira e, b) a percepção dos associados quanto à lógica de trabalho em moldes capitalistas e o labor na perspectiva da associação e, c) como uma cooperativa de trabalho busca promover a participação das pessoas em sofrimento psíquico em negociações e trocas sociais. A metodologia utilizada foi de base qualitativa. Além de pesquisa bibliográfica, foi realizada pesquisa de campo que teve a entrevista semiestruturada como instrumento para coleta de dados. O estudo foi realizado em uma Associação de trabalho solidário, instituição sediada em Belo Horizonte. Participaram do estudo cinco associados e a coordenadora da organização. O material empírico decorrente das entrevistas foi submetido à análise de conteúdo. Os dados demonstraram que o trabalho realizado na Associação desempenha papel importante na inclusão social e na autonomia dos associados, contribuindo consideravelmente no que concerne à legitimação por estes das trocas e negociações sociais. Foram evidenciados desafios e impossibilidades, no que toca à apropriação real dos espaços sociais, uma vez que há ainda preconceitos explícitos e velados e dificuldades no processo de trabalho. Assim sendo, esta pesquisa corrobora a importância de os associados ocuparem os espaços de negociação, contratualidade e trocas sociais, destacando, porém, que a reforma psiquiátrica tem ainda grandes desafios para enfrentar no que tange a inclusão social efetiva, sobretudo, pelo trabalho. |