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Objetivo: Discussão preliminar sobre o risco de transmissão do Vírus da Hepatite E (VHE) em transfusões de sangue, devido à subnotificação no Brasil. Metodologia: A análise da circulação do VHE foi feita através de revisão literária narrativa em bancos de dados PubMed e ScienceDirect. Os descritores usados foram “HEV Brazil” e “HEV blood transfusion”. Foram coletados dados sobre a presença do VHE em humanos e animais no Brasil e em outros países, especialmente no contexto de transfusões de sangue e animais reservatórios. Resultados: A busca por “HEV Brazil” resultou em 130 artigos no PubMed e 1.242 no ScienceDirect, dos quais foram analisados 20 e 50 mais relevantes, respectivamente. Dessa busca, 9 artigos do PubMed e 14 do ScienceDirect envolviam soroprevalência ou detecção de viremia. Para “HEV blood transfusion”, foram encontrados 129 artigos no PubMed e 373 no ScienceDirect, dos quais 20 e 50 mais relevantes foram analisados, respectivamente, resultando em 4 artigos do PubMed e 2 do ScienceDirect com temas de soroprevalência ou viremia. Discussão: No total, 29 artigos analisados relataram a circulação do VHE em humanos e animais. A prevalência de IgG em humanos variou de 1% a 10%, exceto no Vietnã, oeste da Índia e em pacientes com esquistossomose na região Norte do Brasil, com prevalências de 26.80%, 28.50% e 18.80%, respectivamente. A carga viral em humanos foi < 1%. Em suínos, a prevalência de IgG variou de 10% a 80%, e a carga viral de 0,3% a 60%, com variação nas matrizes biológicas estudadas (bile, fezes, sangue). Hepatite E é uma zoonose de impacto significativo em áreas de manejo e consumo de animais de criação, especialmente suínos, com genótipos 3 e 4 considerados zoonóticos. A incidência do VHE em animais de criação nas regiões interioranas do Brasil aumenta o risco à saúde humana, sendo uma preocupação emergente em saúde pública, especialmente para gestantes, transplantados e portadores de doenças crônicas. Há uma escassez de estudos sobre Hepatite E em humanos e animais no Brasil, e a ausência de testes anti-VHE em doações de sangue agrava o risco de transmissão do vírus e desenvolvimento da doença, principalmente para gestantes, imunossuprimidos, imunodeprimidos e portadores de outras infecções. Conclusão: Os resultados preliminares mostram que o VHE circula em animais de criação, consumo e em humanos, tanto em áreas periurbanas quanto urbanas. Estudos adicionais indicam a presença do VHE em diversos países, inclusive em doações de sangue. Pacientes com fragilidade imunológica, que dependem de transfusões, estão sob risco adicional de transmissão do VHE. A circulação do VHE dentro e fora do Brasil, especialmente em suínos, destaca a necessidade de estudos sobre sua transmissão zoonótica. Embora a infecção tenha baixa mortalidade, a ausência de testagem molecular em doações de sangue no Brasil e a circulação do vírus apontam para a importância de monitoramento e estudos específicos sobre VHE no contexto de transfusões no Brasil. |