Complicações da Transplantação Renal em Idade Pediátrica

Autor: Cristina Gonçalves, Ana Rita Sandes, Sara Azevedo, Rosário Stone, Margarida Almeida
Jazyk: English<br />Portuguese
Rok vydání: 2013
Předmět:
Zdroj: Acta Médica Portuguesa, Vol 26, Iss 5 (2013)
Druh dokumentu: article
ISSN: 0870-399X
1646-0758
DOI: 10.20344/amp.114
Popis: Introdução: A transplantação renal é a terapêutica de eleição na criança com doença renal crónica terminal, evidenciando impacto positivo na sobrevida e qualidade de vida dos doentes. Não é, no entanto, isenta de complicações, algumas com importante morbilidade. Os autores pretendem caracterizar o perfil de complicações pós transplantação renal em doentes pediátricos (até 18 anos). Material e Métodos: Análise retrospectiva dos doentes submetidos a transplantação renal e seguidos na Unidade de Nefrologia Pediátrica entre Setembro de 1995 e Agosto de 2010. Dados obtidos dos processos clínicos: características demográficas, etiologia da doença renal crónica terminal, terapêutica de substituição renal, mortalidade e perda de enxertos, complicações cirúrgicas, infecciosas e não infecciosas (rejeição aguda e crónica, recidiva da doença de base, alterações metabólicas e factores de risco cardiovascular). Análise estatística descritiva simples. Resultados: Foram incluídas 78 crianças transplantadas (48,7% sexo masculino), com idade mediana à data da transplantação renal de 12 anos (2 - 18). A maioria fez previamente diálise peritoneal: 49 (62,6%). Cinco doentes (6,4%) foram transplantados sem diálise prévia. A mediana do tempo de seguimento após transplante foi 37,5 meses (1 - 169). As principais etiologias de doença renal crónica terminal foram: uronefropatias (41%) e glomerulopatias (28,2%). As complicações infecciosas ocorreram em 74,4%; infecções virais em 56,4%, sendo a mais prevalente a infecção citomegalovírus (39,7%); infecções bacterianas em 53,8% (na maioria infecções urinárias em doentes urológicos). Outras complicações: 1) factores de risco para doença cardiovascular: hipertensão arterial em 85,9%; dislipidémia em 16,7% e diabetes de novo em 7,7%; 2) episódios de rejeição aguda em 32,1% e nefropatia crónica do enxerto em 17,9%; 3) complicações relacionáveis com a cirurgia em 16,7%. No primeiro mês após transplantação renal as complicações mais frequentes foram as infecções bacterianas que ocorreram em 15,4% dos doentes e as complicações associadas à cirurgia que ocorreram em 11,5%; entre 1º e 6º mês prevaleceram as infecções bacterianas (em 34,6%) e virais (em 17,9%) e a partir do sexto mês os factores de risco cardiovascular (hipertensão arterial em 85,9% e dislipidémia em 16,7%). Registou-se um óbito. Conclusões: As infecções mais frequentes foram as virais, nomeadamente a infecção citomegalovírus. A disfunção aguda do enxerto permanece uma complicação frequente. Com a evolução de novas estratégias diagnósticas, profilácticas e terapêuticas, assistiu-se a emergência de novas morbilidades, nomeadamente os factores de risco cardiovascular.
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