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Nos últimos anos, recorrentemente, divulgam-se, desastradamente, os supostos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), trazendo danos profundos e irreparáveis às escolas de todo o país. Ratificando um discurso oficial, travestido de autoridade estatisticamente fundamentada, a imprensa acaba, também recorrentemente, por reproduzi-los de modo absolutamente equivocado e igualmente desastroso. O equívoco que redunda em desastres anuais refere-se basicamente a uma incongruência estrutural do Exame, contida entre os objetivos preconizados por meio da Portaria n. 109, de 27 de maio de 2009. Trata-se do item VI, que explicita ser mais um dos objetivos do Enem o de “promover avaliação do desempenho acadêmico das escolas de ensino médio, de forma que cada unidade escolar receba o resultado global”. A questão elementar é: como um exame individual e voluntário pode ser utilizado para avaliar o “desempenho acadêmico” de uma instituição escolar? A resposta é simples: NÃO PODE, não deveria ser divulgado um “resultado global”, por ser resultado individual e voluntário! E por que é desastroso? Por que expõe escolas e professores a vexatórias “análises comparativas”, que não se sustentam, a não ser na ignorância de quem desconhece o que sejam avaliação institucional, de sistema, entre outras, e até a própria avaliação de sala de aula, quando a elas comparada. O mais lamentável é ver uma Instituição do porte do Inep, associada ao Ministério que deveria ter competência indiscutível nesse âmbito, cometer erro tão elementar e injustificável, a considerar a expertise indiscutível dela esperada. |