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Objetivos: Este estudo visou gerar subsídios para a implantação de estratégia para uso racional do sangue em cirurgias eletivas, no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ). Material e métodos: Foram identificadas as clínicas cirúrgicas e os procedimentos que demandavam reserva de concentrado de hemácias (CH). Foi dimensionado o índice de uso de sangue por cada procedimento, considerando o sangue transfundido sobre o reservado, gerando o índice de pacientes transfundidos (IPT) e o índice prova cruzada/transfusão (PC/T). Verificou-se a confirmação destas reservas, mediante a resposta ao mapa cirúrgico, enviada para o centro cirúrgico. A utilização ou não destas reservas no perioperatório (até 24 horas após a cirurgia), foi confirmada através da comprovação de expedição no sistema informatizado em uso na Hemoterapia HUPE. O resultado do IPT, indicaria necessidade de reserva se >10%; necessidade de realização de tipagem sanguínea (TS) e pesquisa de anticorpo irregular (PAI) se IPT > 1 e 10% em todos os procedimentos. TS e PAI apenas, seriam necessários em 50% dos procedimentos na Cirurgia Vascular. Na Cirurgia Torácica, 27,7% dos procedimentos justificaram a reserva de CH, 16,6% apenas TS e PAI e as demais não requereriam preparo. Cirurgia Geral tem 22,2% dos procedimentos que justificariam reserva de CH, enquanto que para nenhum outro justifica sequer TS e PAI. Dos procedimentos realizados pela Urologia, 27% justificariam reserva, 8% TS e PAI e os demais nenhum preparo hemoterápico. A Neurocirurgia utilizou apenas 1,8% das reservas solicitadas e a Ortopedia, 2,2%. Na Ginecologia, o uso racional do sangue vem sendo divulgado entre residentes e staff desde 2017 e no período do estudo, dos 71 procedimentos realizados, foi solicitada reserva em 11 deles (15,5%), tendo sido usada em apenas um procedimento (laparotomia exploradora). Discussão: A implantação do “patient blood management” (PBM) e do “maximum surgical blood ordering schedule” (MSBOS) visam otimizar e racionalizar as reservas de hemocompoenentes para cirurgias eletivas. Observa-se que é alta a solicitação de reserva de hemocomponentes no HUPE, justificando a busca por evidência para a racionalização do uso de sangue. Em pacientes cujos procedimentos e comorbidades não falem a favor de coagulopatia, uso de anticoagulação, ou risco acrescido de sangramento, quando o IPT e PC/T não revelem risco acrescido de uso de hemocomponentes, apenas TS e PAI deveriam ser solicitados. Procedimentos cujo IPT for menor que 1%, não justifica a reserva de hemocomponentes prévia. Conclusão: É necessária a criação de um protocolo de reservas de hemocomponentes para cirurgias no HUPE, baseado no PBM e MSBOS e recomenda-se ampliação desta avaliação para novos procedimentos incorporados no HUPE, tal como cirurgias robóticas. Sugerimos a criação de uma comissão de otimização de reservas cirúrgicas no hospital, com participação da Medicina Transfusional, clínicas Cirúrgicas, Anestesiologia e com a chancela do Comitê Transfusional. |