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A transfusão sanguínea é, muitas vezes, a única possibilidade de tratamento existente para o paciente. Ela aumenta a capacidade sanguínea de oxigenação, restaura a volemia e corrige distúrbios de coagulação. Apesar dos benefícios, é prudente manter a hemovigilância do paciente, visto que, mesmo os testes pré-transfusionais se apresentando compatíveis, existem alguns casos onde os anticorpos estão em títulos indetectáveis e são ativados durante ou após a transfusão, podendo o paciente apresentar reações severas. Reações transfusionais são eventos adversos associados aos hemocomponentes, podendo ser imediatos em até 24 horas ou tardios, ocorrendo após as 24 horas por um período de até três semanas. As reações podem variar de leves a potencialmente fatais, e os sintomas podem ser inespecíficos ou sobrepostos, o que dificulta o diagnóstico. Com isso, destaca-se a importância de uma equipe treinada e capacitada. Os sintomas são variados, incluindo icterícia, febre, irritação na pele, coceira, urticária, queda da hemoglobina, sobrecarga hídrica, lesões pulmonares, destruição dos glóbulos vermelhos devido à incompatibilidade entre os tipos sanguíneos do doador e do receptor, doença do enxerto contra o hospedeiro (na qual as células transfundidas atacam as células da pessoa que está recebendo a transfusão), infecções, complicações da transfusão de sangue maciça (baixa coagulação do sangue, baixa temperatura corporal e níveis reduzidos de cálcio e potássio). Em 24/01/24, recebemos em nossa instituição o paciente O.S., masculino, 75 anos, portador de câncer de orofaringe em tratamento com quimio e radioterapia, apresentando astenia e fraqueza com Hb de 7,9. Foi transfundida uma unidade de concentrado de hemácias compatíveis, e o paciente apresentou melhora, recebendo alta hospitalar em 25/01/24 sem intercorrências. O mesmo retornou em 15/02/24 ao pronto atendimento com carta da oncologia para transfusão de uma unidade de concentrado de hemácias, visto que estava com Hb de 7,2 e anemia sintomática. Foram realizados novamente todos os testes pré-transfusionais e transfundido um concentrado de hemácias compatível. Como o paciente não apresentou nenhuma intercorrência, teve alta após a transfusão. Em 17/02/24, o paciente foi abordado por uma colaboradora da agência transfusional fora do hospital e relatou, de forma informal, que em 16/02/24 apresentou uma reação alérgica com coceira e vermelhidão pelo corpo, procurando um outro serviço de saúde e sendo medicado com antialérgico. Concluimos a importância da observação do paciente após a transfusão e a necessidade de um trabalho de conscientização do paciente e familiares responsáveis para o retorno à instituição caso ocorra algum sintoma. Além disso, destaca-se a necessidade de uma detalhada anamnese por parte do médico e da equipe do setor de transfusão em todas as transfusões ocorridas com cada paciente, visto que cada indivíduo reage de uma forma e em um tempo específico. Com as informações coletadas, pode-se alterar a conduta na transfusão, visando a maior segurança possível para o paciente. |