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Quando se acompanha o discurso filosófico acerca da sensibilidade artística, salta aos olhos que nele impera uma dupla tendência no que se refere aos recursos expressivos. Por um lado, nota-se que os meios de expressão acabam resistindo uns em relação aos outros; por outro, percebe-se que tal resistência também se revela bastante fraca, descerrando novas fronteiras e ocasionando ulteriores transições. Tendo isso em vista, o propósito geral do presente artigo consiste em pôr à prova a hipótese de que é no âmbito da música que a moderna ponderação estética descobre o sentido e o alcance do vínculo entre as artes, forjado, em geral, nos termos da auto-compreensão das vanguardas artísticas. Trata-se, em suma, de refazer os passos por meio dos quais a música terminou por se converter, no século XIX, num dos mais importantes veículos de ideias para, a partir do ponto de inflexão representado pela filosofia nietzschiana da maturidade, trazer à plena luz a concepção de "emaranhamento" [Verfransung] das artes, a qual ganha relevo, em especial, na derradeira etapa do itinerário intelectual de Th. W. Adorno.When we follow the philosophical discourse on artistic sensibility, it can be very easily noticed that it displays a double tendency concerning the status given to the expressive resources. On the one hand, it seems that the ways of expression strongly resist to each other, but on the other hand this resistance looks very weak, unlocking new frontiers and accomplishing further transitions. In line with this, the present article aims at testing the hypothesis that it is within the musical sphere that modern aesthetics discovers the profound meaning of the close link between the arts, forged in terms of an artistic vanguard. In sum, it aims at remaking the steps through which music turned out to be, during the nineteenth century, one of the most relevant vehicles of ideas in order to - having discussed the irreversible change brought about by Nietzsche's philosophy - light upon the very concept of Verfransung - built up in Adorno's latest thought. |