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Neste artigo, apresentamos algumas evidências históricas (séculos XIX e XX) da atual realidade sincrônica variável do imperativo de 2a pessoa do singular (vem vs. venha). Com base em cartas pessoais oitocentistas e novecentistas redigidas por brasileiros cultos cujos perfis sociolinguísticos (filiação, faixa etária, nível de escolaridade, profissão) foram levantados (CONDE SILVESTRE, 2007; HERNÀNDEZ-CAMPOY; SCHILLING, 2012), comprovamos a preferência dos missivistas cariocas pelas construções imperativas associadas ao subjuntivo, acompanhando a forma nominativa de referência ao sujeito de 2a pessoa do singular (você). Comprovamos ainda que as construções imperativas vinculadas às formas de indicativo em contexto de alternância tu/você-sujeito (cartas mistas) figuram como contextos de influência intermediária, em termos probabilísticos, na aplicação da regra variável em análise. Isso significa interpretar que as cartas em que também há o você-sujeito (tu/você-suj.) parecem expor rastros históricos do imperativo abrasileirado já em amostras escritas do século XIX como uma repercussão da inserção do você no sistema pronominal (cf. LOPES, 2007; LOPES & CAVALCANTE, 2011). |