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Introdução: A encefalite viral é a causa mais comum de encefalite e é responsável por altas taxas de morbidade, sequelas neurológicas permanentes e altas taxas de mortalidade a depender do agente causal. As etiologias mais comuns são herpes vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2), enterovírus, arbovírus, citomegalovírus (CMV), vírus Epstein-Barr (EBV), herpes vírus humano 6 (HHV-6) e o sarampo . Objetivo: Apresentar um caso raro de encefalite causada por citomegalovírus em paciente com leucemia linfocítica crônica após quimioimunoterapia. Relato de caso: Homem de 60 anos de idade com história prévia de hipertensão arterial foi diagnosticado com leucemia linfocítica crônica, RAI III em setembro de 2023, no Instituto Hemorio. Foi iniciado tratamento com esquema FCR (fludarabina, ciclofosfamida e rituximabe). Após o quarto ciclo o paciente dá entrada através da emergência com quadro de neutropenia febril, sem foco aparente. Ele mantinha febre a despeito de terapia antimicrobiana e ausência de isolamento microbiológico. Alguns dias depois o paciente apresentou-se com déficit focal agudo (afasia), com imagem compatível com evento vascular isquêmico, mantendo ainda febre diária e pancitopenia. Evolutivamente ele apresentou piora neurológica e rebaixamento do sensório com necessidade de intubação orotraqueal e instabilidade hemodinâmica. Na investigação infecciosa do sistema nervoso central foi coletado líquor que confirmou infecção por CMV e HHV-6. Iniciado tratamento com ganciclovir e o paciente apresentou boa resposta clínica com melhora da febre, desmame de aminas vasoativas e extubação, porém com contactuação empobrecida e necessidade de oxigenioterapia. Apesar da melhora clínica o paciente futuramente evoluiu a óbito em outro contexto infeccioso. Discussão: A encefalite é definida como uma inflamação do parênquima cerebral associada com disfunção neurológica, como: alteração da consciência, convulsões, paralisia de nervos cranianos, alterações da fala e déficits motores. Apresenta-se com início agudo de uma doença febril e estado mental alterado. O diagnóstico requer exames de imagem e análise do líquido cefalorraquidiano. Quando há suspeita de encefalite, tratamento de suporte e correção de qualquer distúrbio eletrolítico, disfunção renal e hepática deve ser instaurada. Nos casos de encefalite por citomegalovírus, frequentes em paciente imunocomprometidos, o tratamento indicado é com ganciclovir por 4 semanas. Os casos de encefalite por HHV-6 habitualmente são acompanhados por sintomas gastrointestinais e o tratamento geralmente indicado é ganciclovir ou foscarnet isolados ou em associação. Conclusão: O diagnóstico de encefalite viral deve ser aventado principalmente em pacientes imunocomprometidos que apresentam febre, sem sinais de infecção, associada a alteração súbita do nível de consciência e em casos que não se consegue realizar a confirmação diagnóstica um antiviral deve ser instaurado empiricamente. |