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A filologia, ao longo do tempo, tem adotado diferentes métodos para a edição de textos. A depender do tipo de texto e dos objetivos da edição, a abordagem metodológica pode variar. Atualmente, novas discussões acerca da edição de texto tem levado os filólogos a repensar o seu labor, a partir do questionamento do estatuto do texto, que transcendeu seu aspecto alfanumérico e se inseriu no universo digital. A informática e seus desdobramentos contemporâneos anunciaram uma nova fase da cultura escrita que está exigindo um novo olhar para o texto e seus processos de transmissão. O acervo do escritor baiano Eulálio Motta (1907-1988) abarca uma variedade de documentos pessoais, sua produção literária édita e inédita, correspondências, diários, coleções de objetos etc. Esses documentos funcionam como lugar de memória, possibilitando a reconstrução de uma parcela significativa da vida e da obra do escritor. No acervo, os documentos estão integrados por meio de uma rede de relações com significados importantes. Portanto, ao editar um texto que faz parte do acervo, faz-se necessário esboçar um modelo de edição que garanta a manutenção dessa rede de significados. Barreiros (2013; 2015) propôs um modelo de hiperedição que inclui um dossiê arquivístico, que é uma forma de integrar, por meio de hiperlinks, os paratextos e os protextos do documento editado. Dessa forma, é possível estabelecer uma rede de relações entre o texto editado e os documentos do acervo. O presente artigo apresenta um estudo acerca da construção do dossiê arquivístico elaborado para a edição digital dos textos publicados por Eulálio Motta no jornal Mundo Novo e dos rascunhos de cartas do caderno Farmácia São José. Para exemplificar o estudo, será utilizado como exemplos os dossiês arquivísticos de dois textos: CARTA ABERTA (28-08-1931) do jornal Mundo Novo e Carta aberta a um amigo do caderno Farmácia São José. |