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Introdução: A doença de Jorge Lobo é endêmica em regiões da bacia amazônica, causada pelo fungo Lacazia loboi. Representa um desafio diagnóstico e terapêutico devido ao pouco entendimento que se tem sobre essa micose subcutânea, à falta de um programa de controle dessa doença e à impossibilidade de cultura do seu agente etiológico. O conhecimento da epidemiologia da doença é fundamental para o diagnóstico. Relato do caso: Masculino, 74 anos, proveniente da zona rural de Cruzeiro do Sul (Acre), com histórico de hipertensão arterial sistêmica e antecedente de hanseníase dimorfa tratada entre 2006 e 2007. Fazia uso contínuo das medicações: anlodipino, losartana e atenolol. Procurou serviço localizado na região sudeste, queixando-se de surgimento de lesão cutânea em perna esquerda havia 10 anos, com crescimento progressivo. Ao exame físico observamos placa policíclica com bordas eritematosas de aspecto nodular, assemelhando-se a queloides. Pesquisa de M. leprae foi negativa (baciloscopia zero). A biopsia da lesão evidenciou achados compatíveis com doença de Jorge Lobo. Iniciou-se itraconazol 200 mg ao dia e o paciente foi encaminhado para realização de cirurgia dermatológica para exérese da lesão. Segue em acompanhamento ambulatorial. Comentários: O diagnóstico diferencial da lobomicose é amplo, incluindo hanseníase, leishmaniose tegumentar, paracoccidioidomicose, cromoblastomicose, feohifomicose, esporotricose, tuberculose cutânea, micetomas, sarcoma de Kaposi, sarcoidose, melanoma, cancer de pele não-melanoma, dermatofibrossarcoma, metástases cutâneas, entre outros. Deste modo, a procedência do paciente é fundamental para incluir esta entidade no rol de possíveis diagnósticos. Pelo fato de o agente etiológico da lobomicose não ser cultivável, o diagnóstico padrão ouro é a biopsia cutânea. O tratamento principal é a excisão cirúrgica ampla e profunda, visando evitar recidivas. Devido à fibrose que se desenvolve em casos de longa duração da doença, a ação tecidual de antifúngicos pode ser prejudicada, diminuindo sua eficácia, motivo pelo qual se recomenda o seu uso concomitante durante 12 a 24 meses acompanhado da abordagem cirúrgica. Palavras-chave: Doença de Jorge Lobo, Micose Subcutânea, Diagnóstico Diferencial, Epidemiologia, Amazônia. Conflitos de interesse: Não houve conflitos de interesse no presente trabalho. Ética e financiamentos: Não houve conflitos de interesse no presente trabalho. |