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Este artigo analisa algumas intersecções entre os contos “Nhola dos Anjos e a cheia do Corumbá”, de Bernardo Élis, e “Vavó Xixi e seu neto Zeca Santos”, de Luandino Vieira, considerando os trânsitos que permeiam a constituição de Brasil e de países africanos de língua portuguesa. Para tanto, recorremos aos pressupostos teóricos e metodológicos de Abdala Jr (2014) e Chaves (2005), os quais direcionam a um olhar comparativo sobre a trajetória cultural, histórica e política entre África e Brasil. O exercício analítico revela, nas duas obras, a preponderância de recursos estilísticos caros à oralidade na construção estética de uma denúncia política, tanto ao pretenso processo de modernização que atravessa a história do Brasil – e, mais detidamente, do estado de Goiás – a partir de 1930, quanto ao processo de colonização portuguesa em Angola. Outros pontos de encontro, como a relação entre a imponência da natureza diante da impotência dos seres, bem como a própria constituição das personagens, alheadas dos respectivos processos históricos, revelam que as proximidades e distanciamentos entre as profundezas de Brasil e de Angola também se realizam em plano linguístico e literário. |
