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Resumo Desde a primeira metade do século XX, um coletivo de esquerda de Paris organiza encontros semanais para debater política a partir de perspectivas progressistas diversas. Curiosamente, esses debates são realizados em esperanto, uma língua construída para combater rivalidades nacionalistas e estimular a comunicação internacional. A partir de uma etnografia desse grupo de debates, este artigo nos convida a repensar a forma como a antropologia tem usado o termo prefiguração como uma categoria classificatória para distinguir as práticas políticas da new left daquelas das velhas esquerdas. Examinando como o esperanto foi historicamente rotulado como um projeto universalista, mostro como a perspectiva da prefiguração nos permite salientar o uso cotidiano desta língua na criação de espaços horizontais de coprodução de conhecimento político entre ativistas. A partir disso, argumento que o uso de prefiguração como um atalho para distinguir e tipificar movimentos sociais não só é etnograficamente contraprodutivo, como também nos leva a negligenciar as convergências que novas e velhas esquerdas muitas vezes buscam construir para enriquecer seus diálogos e suas lutas coletivas. |