Saramago, entre utopia e distopia (meta-física)

Autor: Darío Villanueva
Jazyk: English<br />Spanish; Castilian<br />French<br />Italian<br />Portuguese
Rok vydání: 2022
Předmět:
Zdroj: Revista de Estudos Literários, Vol 12 (2022)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2183-847X
2182-1526
DOI: 10.14195/2183-847X_12_4
Popis: No caso de autores proeminentes de distopias como Zamyatin e Orwell, havia uma contradição entre suas respetivas posições e ações políticas, muito próximas ao marxismo, e suas descrições de duas sociedades submetidas a uma alienação ditatorial inspirada em regimes totalitários de signos opostos (comunismo e fascismo), mas contemporâneos. José Saramago nunca deixou de afirmar a sua filiação marxista, embora sempre se opusesse a qualquer tipo de “literatura partidária”. Afirmou também com razão que ao definir-se como ateu se sentiu na obrigação de esclarecer que tinha “mentalidade cristã, não posso ter outra mentalidade senão essa”. Ambas as referências carregam implicitamente, como crenças ou ideologias, um impulso utópico e não distópico, o que explica a singularidade de vários de seus romances como pertencentes ao ciclo ou tendência contemporâneos cultivados pelos romancistas russos e ingleses já mencionados, secundados, entre outros, por Aldous Huxley e Wladimir Nabokov. A distopia, para Saramago, era toda a negação do fundamento mais alto do humanismo libertador que sempre orientou sua visão de mundo. Humanismo presente por excelência num personagem fundamental, a heroína de Ensaio sobre a cegueira que reaparecerá como vítima expiatória em Ensaio sobre a lucidez.
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