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Trata-se de analisar a conexão entre justa memória, narração e arte, lançando mão de uma abordagem que mescla filosofia e artes visuais. Partiremos da perspectiva do filósofo francês Paul Ricoeur sobre a justa memória, apresentada na obra A memória, a história, o esquecimento (2000), segundo a qual há uma ideologização institucionalizada da memória em que narrações são silenciadas ou distorcidas pela chamada história oficial. No processo de recuperação da justa memória, essas narrações precisam ser ouvidas, reconhecidas e valorizadas, descontruindo mecanismos abusivos que as silenciam com o intuito de produzir esquecimento ou que as manipulam visando distorcer os fatos em proveito de discursos hegemônicos. Em seguida, discutiremos como o mito da democracia racial brasileira é um exemplo de ideologização institucionalizada da memória, considerando principalmente as reflexões da filósofa brasileira Sueli Carneiro em Dispositivo de racialidade (2023). Por fim, mostraremos como as contranarrativas pictóricas de Elian Almeida, em especial a série Vogue (2020), atuam para fortalecer e difundir narrativas extraoficiais sobre o Brasil e que foram sufocadas pela história oficial. |