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Este artigo discute as interações entre sociedade, pandemia e saúde. Partindo do pressuposto segundo o qual a Covid-19 se configura, também, numa condição socialmente imposta, esta pesquisa objetiva analisar a prevalência de infecção pelo Coronavírus no Pará, baseando-se nos dados sobre escolaridade, classe e cor/raça da população com teste positivo. De modo a atender ao propósito deste trabalho, lançamos o seguinte problema de pesquisa: a pandemia, no contexto paraense, atinge a todos/as sem discriminação de classe, cor/raça e escolaridade? A hipótese aferida supõe que a infecção por Coronavírus no Pará não é tão democrática quanto muitos gostam de fazer parecer, antes, ao contrário, discrimina tanto no que diz respeito ao seu contágio e prevenção quanto à sua expansão e mitigação. Os dados utilizados na elaboração das análises que fundamentam este trabalho são provenientes do Relatório Executivo intitulado Evolução da Prevalência de Infecção pela Covid-19, no Estado do Pará, desenvolvido em julho de 2020 pela UEPA, SESPA e Governo do Pará. Os resultados obtidos nesta pesquisa apontam que o avanço da Covid-19 está entre os mais pobres e entre os menos escolarizados. Quanto à cor/raça, verifica-se que não existem grandes diferenças entre as proporções de pessoas com teste positivo. Em suma, o artigo conclui que há uma distribuição desigual entre os grupos de afetados pela pandemia, com foco nas populações que se encontram em maior situação de vulnerabilidade. |