SÍNDROME DE MAY-THURNER EM GESTANTE CARDIOPATA: UM RELATO DE CASO

Autor: JB Barros, KG Frigotto, ICR Diogo, TPFD Nascimento, TS Lichotti, FOC Souza, MN Ferreira, MGF Avila, MC Magalhães, VRGA Valviesse
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2023
Předmět:
Zdroj: Hematology, Transfusion and Cell Therapy, Vol 45, Iss , Pp S499-S500 (2023)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2531-1379
DOI: 10.1016/j.htct.2023.09.922
Popis: Introdução: A Síndrome de May-Thurner (SMT) envolve a compressão venosa extrínseca, podendo resultar na oclusão parcial do fluxo venoso da veia ilíaca comum esquerda e, consequentemente, em Trombose Venosa Profunda (TVP) nos membros inferiores. A gestação é um fator de risco para o agravamento da síndrome, devido à compressão do útero gravídico sobre o abdome e ao estado de hipercoagulabilidade. O tratamento convencional da TVP mostrou-se insuficiente em muitos pacientes com SMT, exigindo abordagens mais invasivas. No entanto, não há consenso na literatura sobre o diagnóstico e tratamento da SMT. O objetivo deste estudo é relatar um caso atípico de SMT com complicações trombóticas em uma gestante cardiopata, acompanhada em um hospital universitário no Rio de Janeiro. Apresentação do caso: Paciente de 32 anos, nuligesta, com histórico de hipotireoidismo e arritmias supraventriculares devido a prolapso de valva mitral, em uso de atenolol, e história familiar de eventos tromboembólicos. Inicialmente apresentou dor no tornozelo esquerdo, pior ao deambular, sem edema ou sinais inflamatórios, e sem história de trauma. O edema progrediu no membro em 3 dias, tendo diagnóstico de TVP extensa na emergência. Foi iniciada anticoagulação com heparina de baixo peso molecular, sendo refratária ao tratamento. A angiotomografia mostrou compressão da veia ilíaca esquerda pela artéria ilíaca direita, diagnosticando a SMT. Foi submetida a cirurgia para colocação de stent e, devido a múltiplos trombos no trajeto femoropoplíteo, optou-se por um Filtro de Veia Cava (FVC), mantido pela aderência ao endotélio. Recebeu alta com prescrição de apixabana. Após um ano, teve o diagnóstico de gravidez e foi encaminhada para pré-natal de alto risco em um hospital universitário, onde a anticoagulação foi alterada para enoxaparina, e o atenolol foi substituído por verapamil. No mesmo mês, teve episódio de taquiarritmia, sendo necessário o aumento da dose do verapamil. Com 35 semanas e 6 dias de gestação, deu entrada na maternidade em trabalho de parto. Em bom estado geral, levemente hipocorada, sem edema ou alterações nos sinais vitais. Optou-se por parto vaginal. A enoxaparina foi suspensa, iniciada ampicilina por trabalho de parto prematuro. Devido a parada na progressão do trabalho de parto, a cesariana foi realizada. Durante o procedimento houve sangramento excessivo devido à extensão da histerotomia, controlado com sutura habitual, sem instabilidade intraoperatória, e recém nascido em bom estado geral. Após o parto os exames laboratoriais mostraram Hemoglobina (Hb) 9,5 e Hematócrito (Ht) 29,2%, que diminuíram para Hb 6,8 e Ht 21% no dia seguinte, e iniciou-se sulfato ferroso. A transfusão de sangue não foi realizada devido ao bom estado clínico da paciente. Após 48h de parto, mãe e bebê receberam alta, e a enoxaparina foi retomada por mais 45 dias. Conclusão: No caso relatado, a investigação e o manejo da síndrome trombótica e do quadro arrítmico foram satisfatórios, e o parto ocorreu com bom desfecho para a mãe e o bebê. A SMT deve ser considerada como diagnóstico diferencial em casos de TVP, especialmente proximal, em mulheres em idade fértil, já que as complicações trombóticas podem ser graves e o tratamento convencional muitas vezes é insuficiente. Mais estudos são necessários para estabelecer um protocolo para o diagnóstico, que é frequentemente subdiagnosticada, e tratamento da doença.
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