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Objetivo: O objetivo deste estudo é avaliar os impactos e benefícios da educação sexual na atenção primária em saúde, especialmente em relação à aptidão dos doadores de sangue. Para isso, foram considerados dados da Produção Hemoterápica Brasileira e informações epidemiológicas do Ministério da Saúde sobre infecções sexualmente transmissíveis. Material e métodos: Foi conduzido uma revisão sistemática e meta análise, com busca realizada entre 2022 a 2024 nas principais bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e Ministério da Saúde. Utilizaram-se descritores específicos como, “doação de sangue”, “doenças sexualmente transmissíveis”, “prevenção de doenças”, nos idiomas inglês e português, abrangendo períodos científicos publicados. Resultados: A doação de sangue no Brasil ocorre desde 1940, mas somente em 1980, com a preocupação global sobre a AIDS, foram implementadas leis para a triagem clínica dos doadores. A Lei 10.205/2001 tornou obrigatória a testagem individual de cada amostra, incluindo testes para hepatite B e C, AIDS e sífilis, que são o foco desta revisão. Apesar dos avanços na prevenção e das políticas de conscientização (Lei nº13.504/2017), os boletins hemoterápicos de 2022 a 2024 indicaram o “comportamento de risco para ISTs”como a segunda causa de inaptidão na triagem clínica, especialmente entre doadores do sexo masculino. Um doador inapto não atende aos requisitos de doação, podendo ser temporariamente, definitivamente ou por tempo indeterminado. Em 2023, 57% das inaptidões por comportamento de risco foram de homens, e essa tendência se manteve em 2024, resultando em significativa perda de voluntários masculinos. Concomitantemente, o boletim epidemiológico do MS demonstra que as taxas de sífilis adquirida aumentaram 23% entre 2021 e 2022 (de 80,7 para 99,2 casos por 100.000 habitantes) e que a razão de sexos para o HIV dobrou de 14 para 28 homens para cada 10 mulheres. Entre 2000 a 2022, foram diagnosticados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 750.651 casos de hepatite virais, sendo 77% sexualmente transmissíveis. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a sexualidade é considerada um tabu, seja por questões culturais, políticas, sociais ou pelo desconhecimento do assunto. A educação sexual no Brasil está em constante evolução. Compreender a sexualidade é uma abordagem eficaz para prevenir infecções sexualmente transmissíveis, além de possibilitar ao indivíduo um maior conhecimento sobre seu próprio corpo. Discussão: Os dados encontrados indicam que a demora histórica na implementação de políticas de segurança na doação de sangue contribuiu para uma insegurança populacional, simbolizada pelas altas taxas de inaptidão associada a comportamento de risco para infecções sexualmente transmissíveis. A educação em sexualidade possibilita um maior conhecimento sobre prevenção e amplia a visão para as consequências associada ao sexo desprotegido. Conclusão: Os resultados deste estudo destacam a importância da educação sexual para aumentar a aptidão de voluntários para doação de sangue. Apesar das medidas de segurança em agências transfusionais brasileiras, a inaptidão por comportamentos de risco associados a infecções sexualmente transmissíveis permanece alta. A atenção primária é fundamental para educar candidatos e futuros doadores, e fortalecer essas iniciativas visa melhorar o abastecimento, a qualidade e a segurança da doação. |