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O presente texto promove um diálogo entre o que intenta a Proposta de Lei Escola Sem Partido (que visa combater o que chama de doutrinação ideológica nas escolas e universidades) com as noções que vêm sendo tecidas pelo campo de estudos do currículo. Ao trazermos a compreensão dos currículos como criação cotidiana, dos professorxs e alunxs como autores dos seus processos de ensinoaprendizagem e da produção do conhecimento como tessitura em rede evidencia-se que um currículo neutro, não ideológico e apolítico é impraticável, assim como é impossível que os professorxs aprendam a separar seus valores morais, políticos e ideológicos dos conteúdos, pois nem mesmo os conteúdos escolares previstos nos currículos formais o são. Além da discussão epistemológica, são trazidas narrativas docentes como um recurso que nos ajuda a compreender a indissociabilidade entre as múltiplas dimensões (fazer/sentir/pensar) das quais está embebida a prática docente. Diante de tal impossibilidade percebemos que aqueles que promovem a ideia de uma escola neutra, ou possuem uma ingenuidade político-epistemológica ou, na verdade, maquiam um projeto de Escola de Um Único Partido: o hegemônico, que toma como verdade absoluta os conhecimentos validados pela alta cultura e, portanto, não relativiza o status quo. Concluímos que, em qualquer uma dessas possibilidades, devemos combater o projeto Escola Sem Partido assegurando o respeito mútuo e a expressão efetiva do direito à diferença nas nossas políticas curriculares educacionais, pois lecionar por um projeto de cidadania não pode ser crime! |