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O estudo que se apresenta baseia-se em evidências que mostram que, em alguns contextos africanos (e.g. Angola), a extensão do modelo de monodocência para as 5.ª e 6.ª classes pode constituir um constrangimento na prossecução da melhoria da qualidade de ensino (Mayembe, 2016, Alfredo, 2020). Esta pesquisa, conduzida em 2022, parte do problema da fraca qualidade de ensino-aprendizagem, evidenciado no facto de vários alunos terminarem o ensino primário sem saber ler e escrever, o que, entre outros fatores (e.g., falta de professores e de salas de aula), conduziu a uma reforma curricular, assente na extensão da monodocência a todo o ensino primário. O estudo procura apresentar uma análise crítica sobre a introdução da monodocência na 6.ª classe, explorando as perspetivas dos professores sobre este assunto. A preocupação que orientou a realização desta pesquisa é compreender os constrangimentos e os desafios da extensão da monodocência no ensino primário em Moçambique, um contexto multilingue, em que as línguas maternas de origem bantu são co-línguas, já em uso no ensino, e de inclusão/Educação inclusiva. Os dados para análise foram extraídos de documentos do Ministério da Educação, das grelhas de observação de aulas e de inquéritos dirigidos a 12 professores da 6.ª classe, da zona rural, na província de Maputo, e da zona urbana, na cidade de Maputo, com recurso a uma abordagem qualitativa. As principais conclusões apontam para a existência de constrangimentos iminentes de agravamento da fraca qualidade do ensino e de exclusão funcional dos alunos, devido à falta de domínio dos conteúdos de certas disciplinas por parte de muitos professores. |