Popis: |
O presente artigo pretende articular o conceito de Literatura Menor de Gilles Deleuze e Félix Guattari com a literatura de sambas de enredo do carnaval da cidade do Rio de Janeiro. Por seu conteúdo político, poético, transgressor, numa língua menor, fazendo-se falado numa língua maior, que o samba produz um tipo de literatura (re)existente. Ou seja, apesar dos processos de captura, vozes negras ecoam como resistência, projetando novas formas de existência. Para isso, o samba será entendido como multiplicidade, turbilhão de muitas coisas, conexões, agenciamentos. Tal noção, implicará a análise de dois carnavais da G.R.E.S. Unidos do Viradouro, são eles: o de 2020, Viradouro de Alma Lavada e o de 2023, Rosa Maria Egipcíaca. A interpretação destes carnavais passa pela leitura das obras inspiradoras do enredo, ou seja, a monumental tese de doutorado de Harue Tanaka Sorrentino, Articulações Pedagógicas no Coro das Ganhadeiras de Itapuã: um estudo de caso etnográfico e o livro do antropólogo Luiz Mott, Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil. Além dos desfiles, propriamente ditos, e a poesia. Diante deste instrumental, muitos temas surgem, como a interdisciplinaridade, o machismo na música, a história de mulheres negras. |