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Introdução: A síndrome de Down (SD) é a anomalia cromossômica mais comum entre todos os nascidos vivos. A condição é causada pela presença de um cromossomo 21 adicional ao genótipo, podendo levar a múltiplas alterações fenotípicas, inclusive predisposição à doenças oncológicas. Nestes pacientes a hematopoiese é frequentemente afetada em decorrência de sua maior vulnerabilidade genética, tais como doença mieloproliferativa transitória (TAM) durante o período neonatal e leucemias linfoide e mieloide aguda na infância, sendo o subtipo M7 o mais comum nessas crianças. Objetivo: Relatar o caso de Leucemia Megacariocítica Aguda em paciente com Trissomia do 21 e má resposta ao tratamento. Relato do caso: Menina, 4 anos, previamente com trissomia do 21 e histórico de defeito do septo atrioventricular corrigido ainda quando lactente, permanecendo com insuficiência cardíaca congestiva residual. Buscou atendimento em hospital terciário devido fraqueza, palidez intensa e hipoatividade. Conforme hemograma inicial, apresentava hemoglobina de 2,0 g/dL, além de plaquetopenia e leucocitose com múltiplos blastos. Realizada imunofenotipagem de sangue periférico compatível com leucemia mieloide aguda M7, com cariótipo complexo: 48,XX,r(17)(p11.2q25),+21c,+21[20] / 47,XX,+21, sendo iniciado protocolo AAML 0431, negativando medula óssea em 1 mês, todavia, apresentou, em novas coletas, doença residual da medula (DRM) persistentemente positiva, sendo então utilizado citarabina semanal como forma de reindução. Todavia, voltou à apresentar blastos em sangue periférico. Como terapia de resgate, seguiu-se o protocolo FLAG, tendo intercorrência infecciosa grave por neutropenia febril, optando por diminuir a dose. Paciente obteve DRM negativa após primeiro ciclo de indução, mas após 3 ciclos houve reaparecimento de blastos no sangue periférico, sendo optado, então, por medidas de conforto exclusivo, evoluindo a óbito. Discussão: A SD usualmente manifesta-se com diversas malformações congênitas, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e alterações da fisiologia usual. No aspecto hematológico, esses paciente costumam apresentar policitemia, macrocitose não relacionada à vitamina B12 e/ou leucopenia.. A leucemia mieloide associada à síndrome de Down (LMA-SD) é uma forma única de leucemia infantil, apresentando uma incidência 150 vezes maior nessas crianças em comparação a crianças com leucemia mieloide aguda sem SD na mesma faixa etária. Quanto ao tratamento, um dos protocolos preferenciais para o tratamento da LMA-SD atualmente é o AAML0431, visto que este inclui doses reduzidas de Daunorrubicina para prevenção de cardiotoxicidade, condição presente em até 50% dos pacientes com SD. Conclusão: O manejo do ML-DS é complexo mas os resultados geralmente são excelentes, com uma sobrevida livre de eventos (EFS) em cinco anos de aproximadamente 90% dos casos; cenário contrário ao das crianças sem trissomia 21 portadoras de LMA, o qual apresenta um prognóstico bastante reservado. O tratamento, no entanto, está associado a uma significativa toxicidade, as quais podem ser intoleráveis quando combinadas com outras anomalias presentes nesses pacientes. |