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Este trabalho convida a refletir sobre as representações do feminino que, no documentário ‘Estamira’, se dão sob o ‘risco do real’. Mediada pela câmera, a força do imaginário e da vida ordinária constrói algo comum a partir do que colocamos de nós e do outro em ação. Nessa mise-en-scène, a ética da “in-cenação” do mundo e a estética do documental fazem com que os relatos de uma catadora de Campo Grande, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, coloquem no campo da tela o que a exclui: lidar com restos. É com os resíduos de um discurso fragmentado, intenso e em fluxo que o outro da protagonista tem que lidar: catadores de sentido, autores e espectadores do filme são colocados diante da descodificação de chaves de leitura sobre o feminino – o que ela chama de “trocadilo” quando aborda temas como sedução, corpo, consumo, patriarcado, gênero e maternidade. |