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Introdução/Objetivo: Descrever e discutir caso raro de Síndrome Eosinofílica com alteração do t(5;15)(q33;q22). Relato de caso: Paciente masculino, 29 anos, deu entrada com quadro de leucocitose a esclarecer. Hemoglobina 6,5 g/dL, Hematócrito 21,7%, Plaquetas 71.000/mm3, Leucócitos 56.190/mm3 com 60% de neutrófilos com desvio escalonado até pró-mielócito, 6% de monócitos e 24% de eosinófilos, DHL 277 U/L, vitamina B12 932 pg/mL, ácido fólico 1,72 ng/mL, ferritina 913 ng/mL. FAN, Fator Reumatóide, sorologias para HIV, Hepatites B e C, Sífilis e Chagas não reagentes. Mielograma hipercelular para a idade com predomínio granulocítico absoluto (Relação G:E 64:1) e eosinofilia (38%) em todos os estágios maturativos sem displasia, imunofenotipagem de medula óssea sem aumento de blastos e sem imunofenótipo anômalo. Biópsia de Medula óssea com celularidade de 99% sem aumento de blastos. Citogenética com translocação entre os braços longos do cromossomo 5 e 15 em 15 de 20 metáfases analisadas - 46,XY,t(5;15)(q33;q22). Não foram solicitados outros exames moleculares para este paciente. Discussão: As síndromes eosinofílicas são definidas como contagem absoluta de eosinófilos >1.500/mm3 e correspondem a um vasto leque de diagnósticos diferenciais. Após afastado causas secundárias (reacionais) de eosinofilia como infecções parasitárias, quadros alérgicos, vasculites e colagenoses, drogas, doença pulmonar eosinofílica, gastroenterite alérgica e condições metabólicas como insuficiência adrenal, as principais hipóteses passam a ser causas primárias oncohematológicas. Destas, as principais entidades são as Neoplasias Mieloide/Linfoide associada com eosinofilia e rearranjo do PDGFRA, FDGFRB, FGFR1 ou PCM1-JAK2 e Leucemia Eosinofílica Crônica, não especificada. A citogenética convencional e molecular são a base para classificação e diagnóstico de várias neoplasias hematológicas. No caso descrito foi encontrado a t(5;15)(q33;q22) que pode estar relacionada com rearranjo gênico TP53BP1::PDGFRB. Este ponto de quebra gera uma oncoproteína quimérica similar a outras fusões de tirosina quinase com resposta ao Imatinibe. O 53BP1 é um componente celular de resposta ao dano de DNA que se liga a p53 selvagem (não mutante). A oncogênese ocorre uma vez que os domínios espiralados de TP53BP1 podem mediar a homodimerização de PDGFRB e a ativação constitutiva de sua atividade de tirosina quinase; por outro lado, a resposta ao dano do DNA de TP53BP1 pode ser perturbada. Rearranjos gênicos envolvendo os genes PDGFRA e FDGFRB estão associados a resposta ao inibidor de tirosina quinase. A elevação da vitamina B12 é um achado comum em mieloproliferações com eosinofilia devido ao aumento de produção de haptocorrinas, que se ligam a vitamina B12 sérica e em vários tecidos. Até onde é de nosso conhecimento na literatura só há um caso descrito de Neoplasia Mieloproliferativa com Eosinofilia relacionada a t(5;15)(q33;q22). Conclusão: O diagnóstico de Eosinofilia Primária é um desafio e muitas vezes não dispomos amplamente dos exames necessários para correta identificação. Através da citogenética convencional foi possível achar um alteração genética recorrente que pode se beneficiciar terapia alvo. |