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O paisagismo, embora muitos não o percebam, sempre exerceu uma valiosa função social, pois observa-se sua evolução ao longo da história da humanidade, de forma sincronizada com as mudanças ocorridas em diversos âmbitos da vida humana. Mas no momento histórico em que começam a surgir as primeiras comunidades capitalistas (Renascimento), onde eclode um novo paradigma para se abordar o universo (cartesianismo) e se consolida a especialização do trabalho (revolução industrial), o trabalho do paisagista que, no passado, beneficiava a toda uma sociedade, ficou restrito a uma pequena elite, que o utilizava como símbolo de status e também como ponto de encontro de dirigentes de reinados, para realizarem pactos e alianças econômicas. E é nesse contexto, que surge o arquiteto paisagista, o qual, principalmente na França tem por meta “domar a natureza indomável”. E devido ao rumo tomado por essa atividade e também pela ciência, ou seja o rumo do paradigma cartesiano, no cenário atual o paisagismo encontra grandes dificuldades em se firmar como uma reconhecida área do conhecimento, devido em grande parte, a manutenção deste paradigma vigente em nossas instituições de ensino. Kuhn (2005) escreve que paradigma científico é o universo de valores culturais, ideológicos, históricos e epistemológicos que condicionam a produção do conhecimento. Em nosso sistema de ensino, teve sua base filosófica e metodológica construída por René Descartes (1596-1650), que separou o sujeito pensante (ego cogitans) e a coisa extensa (res extensa), isto é, separou a filosofia da ciência, e coloca como verdade as idéias “claras e distintas” (DESCARTES, 2002). A partir deste momento somente o que é tangível e mensurável passa a ser considerado científico e de relevância social. Em sua segunda regra Descartes (2002) propõe: dividir cada uma das dificuldades encontradas em tantas pequenas partes quanto fosse possível e necessário para melhor resolvê-las. Esta regra, que persiste no ideário acadêmico até os dias de hoje, impossibilita a verdadeira compreensão e o desenvolvimento do paisagismo. Recentemente, com o advento das grandes megalópoles como São Paulo, Tóquio, Nova Iorque, a humanidade começa a perceber que estamos vivenciando uma problemática sócio-ambiental – a poluição e a degradação do meio, crise de recursos naturais, energéticos e de alimentos - que afeta a sustentabilidade do planeta e questiona a racionalidade econômica e tecnológica dominantes. Esta problemática sócio-ambiental tem levado a sociedade a internalizar novos valores e princípios epistemológicos que orientem a construção de uma nova racionalidade produtiva, sobre bases de sustentabilidade ecológica e equidade social. Neste momento a humanidade começa a “revalorizar” os benefícios proporcionados pelo trabalho do paisagista. (LEFF, 2002) Diante dessa problemática que envolve instituições de ensino, profissionais, alunos etc, desenvolveu-se uma experiência transdisciplinar na Escola CEPDAP, em Curitiba, Paraná, no curso Técnico em Paisagismo, especificamente no primeiro módulo do curso, o qual envolve as disciplinas de História do Paisagismo, Botânica, Meio 1317 Ambiente e Ecologia e Desenho Geométrico. Essa experiência transdisciplinar de aprendizado objetivou exatamente a quebra do paradigma vigente na formação do paisagista e tentou fazer com que os alunos que vivenciaram a experiência adquirissem uma visão holística e transdisciplinar da profissão de Paisagista. |