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Introdução: Mycobacterium szulgai (M. szulgai) é uma micobactéria não tuberculosis (MNT) de crescimento lento, ubíquo, oportunista, sendo pouco frequente. Objetivo: Expandir o acervo sobre o M. szulgai por meio da descrição de dois casos clínicos de infecção pulmonar acompanhados em um Ambulatório de Referência do estado de São Paulo. Método: Revisão de prontuário com ênfase no diagnóstico, manejo terapêutico, e desfechos clínicos, formulando dois relatos de caso. Resultados: Caso 1 - homem, 58 anos, previamente tabagista e pneumopata. Em 02/2007 iniciou febre vespertina, tosse e síndrome consumptiva, a pesquisa de BAAR foi positiva, iniciando tratamento supervisionado com isoniazida, rifampicina e pirazinamida (esquema padrão à época). Devido à hepatite medicamentosa, em maio, foi alterado esquema para estreptomicina e etambutol. Devido à persistência de BAAR positiva, em 06/2007 trocado para isoniazida, ofloxacino e etambutol e realizado tomografia, com evidência de cavitação em lobo superior direito e árvore em brotamento. O resultado da cultura foi obtido em 01/2008, com crescimento de M. szulgai, sendo o esquema alterado para rifampicina, isoniazida e ofloxacino, sendo o último substituído por Levofloxacino em 04/2008. Em abril/2008 houve negativação da pesquisa de BAAR e da cultura do escarro. O tratamento foi suspenso em abril/2009. Caso 2 - homem, 60 anos, hepatopata crônico, em agosto/2023 iniciou quadro de perda ponderal associado à tontura e astenia. Em exame de imagem evidenciou-se cavitações em lobos superiores, linfonodos mediastinais e árvore em brotamento. Coletado escarro com BAAR e TRM-TB negativos, foi então solicitado lavado broncoalveolar em dezembro/23 o qual identificou M. szulgai em cultura. Iniciou o tratamento em março/2024 com rifampicina, etambutol, claritromicina e amicacina, o qual segue em uso até a presente data. Conclusão: Entre as MNT em humanos a prevalência de isolamento de M. szulgai é muito baixa, cerca de 0,2%. Do ponto de vista clínico e radiológico é indistinguível da tuberculose. Os dois casos relatados foram de apresentação pulmonar em pacientes com doenças crônicas, pneumopatia e hepatopatia. Ressalta-se que no primeiro caso houve um retardo no diagnóstico da espécie e no segundo o diagnóstico foi mais célere. Pelo número escasso de casos, não há tratamento padrão preconizado, entretanto assume-se susceptibilidade a maioria dos antimicobacterianos, com uso de, no mínimo, três drogas efetivas e duração de 12 a 18 meses. |