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Neste artigo, buscamos evidenciar como o romance Mi Simón Bolivar ([1930] 2002), do colombiano Fernando González Ochoa, redimensiona a configuração discursiva da personagem histórica Simón Bolívar – consagrada, heroificada e sacralizada tanto na historiografia nacionalista positivista como na literatura romântica do século XIX – a uma ressignificação crítica dessas imagens idealizadas. A hipótese aqui defendida é de que a obra de González Ochoa é a precursora da que viria a ser considerada a segunda fase da trajetória do romance histórico, constituída pelas modalidades do novo romance histórico latino-americano e da metaficção historiográfica. Ancorados nos pressupostos de Aínsa (1991), Menton (1993) e Fleck (2017), destacamos como o romance de González Ochoa antecipa as características da modalidade crítica do novo romance histórico latino-americano, pelo emprego da paródia, da carnavalização, das intertextualidades e dos recursos metanarrativos. Desse modo, podemos afirmar que foi essa a obra que abriu, na América Latina, uma das vias mais profícuas de ressignificação do passado, uma via à descolonização do ser e do saber, assim como à prática efetiva das ações decoloniais. |