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Admite-se hoje que a célula cancerosa é aquela que perdeu a sensibilidade aos controles que regulam a reprodução de tecido normal. As mitoses se sucedendo umas imediatamente após outras, fazem crescer rapidamente, de modo exponencial, o número de células. Sob o aspecto morfológico é previsível a desorganização do tecido daí resultante. Sob o aspecto bioquímico nada de nôvo é encontrado; as mesmas enzimas, os mesmos substratos, os mesmos processos metabólicos estão presentes, apenas a velocidade com que se passam está aumentada. Com os trabalhos de LURIA (1958), VON POTTER (1958-1960-1962-1964), WEBER (1963), MUNBLOCK (1964), PITOT e HEIDELBERG (1963), os conceitos de “Feedback Deletion” e “RNA Template Deletion” parecem dominar o problema da carcinogênese, isto é, esta seria devida à modificação nos sistemas reguladores do metabolismo celular ao nível molecular. Os problemas de controles de indução enzimática, desrepressão, repressão e inibição de enzimas, atualmente tão pouco conhecidos, embora muito estudados, dominam o aspecto bioquímico da carcinogênese. Conceituando-se o problema de câncer da maneira exposta impõe-se estudar o controle de síntese de macromoléculas — proteínas e nucleo-proteínas, substâncias indispensáveis à reprodução celular. É, sem dúvida, o estudo do controle de síntese de nucleoproteína a nossa meta. Antes, porém, nos é necessário elucidar processo mais simples, que nos servirão como modêlos básicos para futuras comparações. O entendimento da regulação de síntese de proteínas-enzimas adaptativas em fígado, é, com certeza, o caminho mais fácil para se introduzir no complexo processo de homeostasia dos sistemas metabólicos em animais, cuja desregulação talvez pudesse ter, como uma das conseqüências, a anárquica reprodução celular característica do câncer. Estudaremos o contrôle da proteína enzima alfa ceto glutarato transaminase como nosso primeiro modêlo experimental, e apresentaremos nos trabalhos que se seguem a esta introdução, a nossa contribuição original à elucidação do contrôle de síntese protêica. Por vêzes, as experimentações em fígado de animal “in vivo” são substituídas por fígado “in vitro”, em perfusão contínua extracorpórea, para que possamos eliminar o efeito pluri-hormonal do animal vivo e nos situarmos em melhor condição de concluir a relação causa-efeito no sistema em observação. |