Efeito do tiotrópio na expectoração e nos marcadores inflamatórios séricos e exacerbações da DPCO

Autor: D.J. Powrie, T.M.A. Wilkinson, G.C. Donaldson, P. Jones, K. Scrine, K. Viel, S. Kesten, Wedzicha
Jazyk: English<br />Portuguese
Rok vydání: 2008
Předmět:
Zdroj: Revista Portuguesa de Pneumologia, Vol 14, Iss 4, Pp 573-576 (2008)
Druh dokumentu: article
ISSN: 0873-2159
DOI: 10.1016/S0873-2159(15)30264-6
Popis: Resumo: A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é uma doença inflamatória das vias aéreas, determinando um declínio progressivo e irreversível da função pulmonar.As agudizações da DPOC caracterizam-se por agravamento de sintomatologia, deterioração da função pulmonar e aumento da inflamação das vias aéreas. Constituem a maior causa de morbilidade e mortalidade, tendo implicações importantes no tratamento desta patologia.Os doentes com maior número de exacerbações têm pior qualidade de vida, ficando, muitas vezes, limitados ao domicílio e apresentando maior taxa de mortalidade. O número elevado de exacerbações está relacionado com um maior declínio da função pulmonar e uma inflamação das vias aéreas mais acentuada nos períodos de estabilidade. Assim, reduzir o número de exacerbações constitui um claro objectivo do manuseamento da DPOC.O tiotrópio é um broncodilatador anticolinérgico inalado. Numerosos estudos demonstraram uma melhoria do VEMS, CVF e volumes pulmonares, da qualidade de vida e da capacidade de exercício em doentes tratados com este fármaco, bem como uma diminuição do número de agudizações, internamentos e recurso a cuidados médicos.Os autores do presente estudo procuraram demonstrar que o tiotrópio pode reduzir a inflamação das vias aéreas, condicionando uma redução da frequência de exacerbações.O objectivo deste trabalho foi avaliar, em primeira instância, o efeito do tiotrópio inalado nas vias aéreas e nos marcadores inflamatórios séricos em doentes com DPOC, bem como a sua relação com o número de agudizações, utilizando, para isso, registos diários de sintomas.Tratou-se de um estudo randomizado, duplamente cego, controlado com grupo-placebo, com a duração de um ano, efectuado para determinar o efeito do tiotrópio nos marcadores inflamatórios séricos, na expectoração e na frequência de exacerbações.Foram incluídos doentes com idadeâ¥40 anos com o diagnóstico de DPOC (VEMS3 exacerbações/ano (18 não fumadores; 25 fumadores).Não se observaram diferenças entre os valores de IL-6, número de exacerbações e hábitos tabágicos no grupo sob tratamento com tiotrópio e o grupo placebo, mas o nível de IL-8 foi superior no primeiro grupo (15,4%), sendo maior nos indivíduos fumadores. Em relação à mieloperoxidase, não se verificou diferença estatisticamente significativa. Não se observou, também, efeito do tiotrópio nos níveis de IL-6 e mieloperoxidase na expectoração, o mesmo sucedendo com os níveis séricos de IL-6 e proteína C reactivaO tiotrópio associou-se a uma redução de 52% no número de exacerbações (1,17 versus 2,46 exacerba-ções/ano). Nos indivíduos sob tiotrópio verificou-se uma agudização em 43% comparada com 64% no grupo placebo. O número total de dias de exacerbação foi inferior no grupo sob tiotrópio (17,3 versus 34,5 dias).Tal deveu-se a um menor número de agudizações neste grupo e não a uma redução da duração da mesma. Durante o estudo, o valor da VEMS dos doentes tratados com tiotrópio aumentou de 1,35±0,47 L para 1,39±0,55 L num ano, enquanto no grupo-placebo se verificou um declínio do mesmo (1,26±0,49 para 1,20±0,49 L ao fim de um ano).O tempo médio até à primeira exacerbação no grupo tiotrópio foi de 236±143 dias comparado com 157±± 124 dias no grupo-placebo.Em relação ao isolamento de bactérias na expectoração, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos, sendo a mais frequente o Haemophilus influenzae.
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