Apresentação Seção Especial Motricidades (v. 5, n. 1, seç. esp.)

Autor: Osmar Moreira de Souza Junior, Glauco Nunes Souto Ramos
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: Motricidades, Vol 5, Iss 1 (2021)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2594-6463
DOI: 10.29181/2594-6463-2021-v5-n1-secesp-p93-95
Popis: Convidados para contribuir com a organização da Seção Especial da Motricidades sobre Educação Física Escolar, fomos provocados pelos editores no sentido de compartilhar “algumas amostras” da produção de conhecimentos emergentes de contextos pedagógicos dos/as professores(as)-pesquisadores(as) participantes do Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional (ProEF). O ProEF está inserido no Programa de Mestrado Profissional para Professores da Educação Básica (ProEB), lançado em 2011. Trata-se de uma política de formação continuada stricto sensu dos(as) professores(as) em exercício na rede pública de Educação Básica, desenvolvida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do Ministério da Educação (MEC) mediante apoio às instituições de ensino superior (IES) ou rede de instituições associadas do país, responsáveis pela implantação e execução de cursos com áreas de concentração e temáticas vinculadas diretamente à melhoria da Educação Básica. No caso específico do ProEF, trata-se do primeiro Programa desta natureza, contemplando a área de Educação Física, por meio de uma rede de 11 Instituições de Ensino Superior (IES) Associadas. Nesta Seção Especial, contamos com cinco textos protagonizados por integrantes da extensa rede de coordenadores(as), docentes e professores(as)-pesquisadores(as) da primeira turma do ProEF (2018-2020). São três pesquisas desenvolvidas no núcleo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), uma desenvolvida no núcleo da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Campus de Rio Claro e um artigo de revisão de autoria da equipe da coordenação nacional do ProEF. Com o título “Atividades circenses na educação física: possibilidades e limites para a educação infantil”, as professoras Adria Maria Messias e Fernanda Moreto Impolcetto (UNESP Rio Claro) nos apresentam limites e possibilidades no trabalho do conteúdo ligado às atividades circenses em aulas de Educação Física na Educação Infantil, com uma turma de 20 alunos(as) da 2ª etapa (5 anos) de uma escola da rede pública municipal do interior do Estado de São Paulo. Nesta imersão que envolveu a construção de uma unidade didática com 12 planos de aulas, as autoras indicam que vídeos, músicas, fantasias e acessórios utilizados contribuíram com o envolvimento dos(as) alunos(as) no mundo do circo e que materiais de baixo custo ou recicláveis, incluindo-se aí a possibilidade de os(as) alunos(as) participarem da sua construção, serviram para enriquecer e viabilizar o processo de ensino e de aprendizagem. Como fatores limitantes, indicam a falta de estrutura física adequada da escola bem como imprevistos relacionados a eventos que não foram informados com antecedência. Finalizam o estudo indicando que, apesar de algumas limitações ou dificuldades, o desenvolvimento de atividades circenses na Educação Infantil é viável e precisa ser incorporado/concretizado como um dos conteúdos da Educação Física Infantil, sempre com olhar atento para a segurança dos/as envolvidos(as). Analisar a participação das meninas de uma turma de 30 alunos(as) de 6º ano do Ensino Fundamental na prática do futsal nas aulas de Educação Física de uma escola pública municipal, situada na zona urbana da cidade de Feira de Santana, na Bahia, foi o objetivo do trabalho intitulado “‘E a gente teve que aprender a conviver’: meninas e futsal escolar”, realizado pelos professores Antonio Jorge Martins Malvar e Osmar Moreira de Souza Júnior (UFSCar). Com a elaboração e aplicação de uma unidade didática de futsal composta por 16 aulas, e com a utilização dos modelos de ensino dos esportes Teaching Games for Understanding (TGfU) e Sport Education, os pesquisadores trazem para este trabalho conquistas e superações vivenciadas pelas meninas, bem como problemas, dificuldades e divergências, decorrentes do trabalho pedagógico com tal perspectiva. As alunas mais participativas conseguiram ter um avanço maior nos saberes procedimentais e atitudinais, enquanto a maioria não conseguiu romper com as barreiras impostas pelo sexismo estrutural e pela violência simbólica, que continuaram a desmotivá-las a uma participação mais efetiva. Contudo, houve uma participação efetiva de boa parte das meninas nas atividades propostas, principalmente considerando-se que o futsal era encarado por elas como uma modalidade “predominantemente masculina”, e cuja prática nos horários livres na escola pesquisada sempre foi dominada pelos meninos. Finalizam o trabalho, afirmando que tanto o TGfU como o Sport Education têm potencial para auxiliar os(as) professores(as) de Educação Física no ensino do esporte na escola, tratando de forma inclusiva esse importante conteúdo da disciplina, sobretudo quando aliados a uma estratégia pedagógica como a roda de conversa dentro de um processo coeducativo. “Percepções e reflexões de estudantes sobre indisciplina em aulas de educação física”, é o trabalho elaborado pelos professores Luiz Antonio Pereira e Glauco Nunes Souto Ramos (UFSCar) e pela professora Lílian Aparecida Ferreira (UNESP Bauru), cujos objetivos foram identificar situações de indisciplina em uma turma de 25 alunos(as) do 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal do interior de São Paulo e analisar percepções e reflexões dos(as) estudantes sobre a temática a partir de ações didático-pedagógicas. A turma que integrou o estudo era considerada bastante indisciplinada pela gestão e por vários(as) professores(as) da escola. Quanto à indisciplina nas aulas de Educação Física da turma analisada, foram observadas dificuldades como: conversas paralelas, discussões e ofensas pessoais entre os(as) alunos(as) durante as aulas. Para enfrentar este desafio, foram promovidas ações em parceria com os(as) alunos(as) voltadas a favorecer a percepção e mobilizar a reflexão sobre a temática. Os autores e a autora finalizam indicando que a promoção de uma proposta de enfrentamento em relação à indisciplina não deve vir acompanhada da ilusão de que os conteúdos propostos em si vão resolver os problemas, já que este se revela com um elemento multifatorial e relacionado a uma problemática socialmente mais ampla. Por isso, é fundamental considerar que trabalho desta natureza envolve continuidade e tempo, na medida em que não se trata de moldar comportamentos, mas de refletir sobre eles em prol de mudanças efetivas nas relações entre as pessoas. No trabalho intitulado “Os saberes atitudinais e a metodologia callejera na educação física escolar”, de Fabio de Moraes e Yara Aparecida Couto (UFSCar), o autor e a autora revelam os saberes atitudinais que emergiram a partir das intervenções em aulas de Educação Física com a aplicação de uma Unidade Didática de Esportes de Invasão através da Metodologia Callejera, com alunos(as) do 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública da rede Estadual de São Paulo, na cidade de São Carlos, localizada em um bairro periférico originado por um conjunto habitacional popular. O autor a e autora destacam que a Metodologia Callejera é derivada do Fútbol Callejero, tendo sua dinâmica desenvolvida a partir da realização de um jogo composto por times mistos realizado em três Tempos, a saber: no 1º Tempo são estabelecidas coletivamente as regras, no 2º Tempo joga-se balizado pelas regras criadas anteriormente e, no 3º Tempo, tem-se a mediação dos conflitos vivenciados no jogo e a contagem dos pontos para o placar final. Após a realização da pesquisa-ação, o professor-pesquisador e a professora orientadora revelam que foi possível perceber que os processos educativos e, consequentemente, a troca de saberes, ocorreram em vários momentos das intervenções, contribuindo em diálogos que levassem para atitudes de compartir em detrimento de competir, como no reconhecimento de situações relacionadas a gênero em que as meninas sofriam diversos preconceitos e exclusões. Por fim, no artigo de revisão “O que os mestrados profissionais têm a nos ensinar: análise de uma proposta”, de Denise Ivana de Paula Albuquerque, Maria Cândida Soares Del Masso e Andreia de Carvalho Lopes Fujihara (UNESP Presidente Prudente), as autoras, além de aspectos gerais e da legislação da pós-graduação stricto sensu no país, tratam da abertura e da importância dos programas de Mestrado Profissional na formação e atuação de professores(as) da Educação Básica (ProEB), em 2011, e, em particular, do Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional (ProEF). Destacam os principais objetivos de tais programas no processo de valorização do trabalho docente em escolas públicas brasileiras e suas reflexões sobre o nosso sistema educacional. O ProEF inicia em 2018, atendendo a 181 professores(as)-pesquisadores(as) aprovados(as) no processo seletivo nacional, com a missão de contribuir para uma formação relevante do ensino da Educação Física na escola básica, na área de concentração da Educação Física Escolar, visando contemplar as necessidades advindas tanto do trabalho cotidiano dos(as) professores(as), quanto das suas próprias necessidades de desenvolvimento e valorização profissional. Além disso, busca articular e produzir novos conhecimentos para a área e atender às demandas sociais e profissionais, em consonância com os objetivos do ProEB. As autoras indicam que, de forma inovadora, o ProEF é um curso no modelo híbrido, que oferece atividades na modalidade de Educação a Distância (EaD), via plataforma Moodle e atividades presenciais nas 11 Instituições de Ensino Superior Associadas distribuídas pelo Brasil, sendo coordenado pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Além da dissertação de mestrado – característica de programas acadêmicos de pós-graduação – os(as) professores(as)-pesquisadores(as) participantes do ProEF devem elaborar um Produto Educacional, tendo em vista a perspectiva da concretização da teoria à prática, considerado importante recurso para os(as) professores(as), que poderão se valer desses materiais para orientar suas práticas pedagógicas, impactando o contexto no qual atuam. As autoras finalizam seu artigo de revisão reafirmando que o ProEF tem o compromisso de contribuir para um processo de formação que possa garantir novas formas de conceber, aplicar e repensar os saberes essenciais para a Educação Física na escola pública e para a própria sociedade. Temos convicção de que esta Seção Especial não possui a pretensão de abarcar toda uma diversidade de produções acadêmico-profissionais proporcionadas por uma rede tão ampla e plural como o ProEF. No entanto, temos consciência de que iniciativas como esta contribuem para que os conhecimentos e experiências tecidos pela rede do Programa se espraiem e cheguem aos diferentes rincões do país, estabelecendo importantes referências éticas, pedagógicas e políticas relacionadas aos saberes da Educação Física Escolar. Parafraseando Paulo Freire, entendemos que o ProEF não transforma a Educação Física Escolar, mas transforma os(as) professores(as) que contribuem para a transformação da Educação Física, da escola e do mundo. Os textos ora apresentados nesta Seção Especial são apenas “pílulas” dos conhecimentos e experiências produzidos na esfera do Programa.
Databáze: Directory of Open Access Journals