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Introdução: COVID-19 é o conjunto de sintomas causados pelo SARS-CoV-2, variando de quadros leves a formas graves. Pacientes com COVID-19 grave frequentemente apresentam marcadores laboratoriais anormais que refletem resposta inflamatória sistêmica. Alguns deles, estão ligados a desfechos clínicos desfavoráveis e estão emergindo como parâmetros prognósticos confiáveis. Alterações hematológicas fazem parte destes parâmetros. Objetivo: Avaliar hemograma de pacientes internados e correlacionar com o desfecho da infecção pelo COVID-19. Material e Método: De março de 2020 a julho de 2021 ocorreram 15013 internações nas instalações do HSPE, 4638 casos tiveram RT-PCR positivo para COVID-19. Avaliamos dados preliminares dos pacientes que tiveram PCR + durante sua internação no período de 07/2020 a 04/2021 que totalizaram 828 pacientes. Foram excluídas internações por outro motivo e PCR+ durante a internação e PCR+ executados para internação eletiva e assintomáticos. Para efeito da análise os pacientes foram divididos em 2 grupos: os que evoluíram a óbito e os que receberam alta hospitalar. Resultados: O hemograma de entrada dos pacientes que receberam alta hospitalar revelou valores médios de hemoglobina (Hb) 12,84 g/dL (± 2,10); leucócitos (LCT) 8433/mm3 (± 4.363,45), variando de 990 a 45.106/mm3; Neutrófilos (NEUT) 6.457,71/mm3 (± 3.692,15) de 567 a 28240/mm3; linfócitos (LINF) 1.246,25/mm3 (± 776,79) de 200 a 7190/mm3; plaquetas (PLT) 233630/mm3 (± 91.079,10) de 36.000 a 759.000/mm3. O grupo dos óbitos apresentou Hb média 12,39 g/dL (± 2,41), variando de 6,10 a 19,10 g/dL; NEUT 7621/mm3 (± 5.444); LINF 1070/mm3 (± 955); PLT 192.000/mm3 (± 102.229) 10.600 a 684000/mm3. Quando avaliamos a relação plaquetas/linfócitos (RPL): 145 pacientes com RPL ≥ a 180 evoluíram a óbito enquanto 291 obtiveram receberam alta. Dos pacientes com RLP < 180, 98 evoluíram para óbito, enquanto 216 obtiveram desfecho favorável (p= 0,5803). A relação neutrófilo/linfócitos (RNL) à entrada demonstrou que 37 pacientes com RNL < 3,3 evoluíram para óbito enquanto 154 obtiveram desfecho favorável (p = 0,0001). Das RNL por ocasião dos desfechos < 3,3, 10 evoluíram a óbito e 237 tiveram desfecho favorável e 215 com RNL ≥ 3,3 evoluíram para óbito e 251 para alta hospitalar (p = 0,0001). Discussão: Elevada RPL (> 180) como fator prognóstico na COVID-19 foi recentemente descrita, com especificidade e sensibilidade de 0,44 e 0,77, respectivamente. Entretanto, a RPL não foi medida em um ponto específico no curso da doença. Recente metanálise evidenciou RPL elevada em doença grave comparando com não grave. Elevada RNL foi identificada como marcador para mortalidade hospitalar e COVID-19 grave. Os neutrófilos são importantes nas respostas imunes inatas, enquanto os linfócitos nas respostas inflamatórias. Assim, aumento da RNL reflete desequilíbrio da resposta inflamatória e pode ser considerado indicador de gravidade. Estudo prévio introduziu RNL como um preditor independente de desfechos clínicos na COVID-19. Conclusão: A RNL ao diagnóstico ≥ 3,3 revela-se como marcador prognóstico tanto em análise feita com dados à entrada quanto por ocasião do desfecho. Análise em curso com maior número de casos pretende verificar a estratificação de valores desta relação, no sentido de prever com maior rigor o seu impacto. A RPL não demonstrou diferença entre os grupos. Entretanto, melhor padronização quanto ao momento em que esta avaliação deva ser realizada se faz necessária. |