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Este artigo objetiva analisar comparativamente os romances Grande sertão: veredas (1956 [2019]), de João Guimarães Rosa, e Outros cantos (2016), de Maria Valéria Rezende, com foco na representação do espaço regional. Inicialmente, discutem-se a vinculação dos textos ao regionalismo literário e a percepção dos escritores a respeito do tema, analisando os pontos de vista tornados públicos por Guimarães Rosa, entrevistado por Günter Lorenz, e Valéria Rezende, entrevistada pela Revista Crioula. Em seguida, examina-se como, nas duas obras, o sertão assume função estruturante à medida que afeta a subjetividade dos personagens e é constituído pela percepção delas. Argumenta-se que, nesse processo, o sertão deixa de ser lugar físico e se torna espaço praticado, conforme Michel de Certeau, ou paisagem, conforme Michel Collot. Conclui-se que as duas obras extraem sua força a partir do trabalho com esse espaço seminal para a literatura brasileira e assim contribuem para a renovação da tradição regionalista na contemporaneidade. |