NEFROPATIA POR POLIOMAVÍRUS BK EM ENXERTO RENAL

Autor: Gabriele da Silva, Nubia Leilane Barth Schierling, Fernanda Pereira Pedroso, Amanda Stinghen Correia, Fabiana Loss de Carvalho
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2023
Předmět:
Zdroj: Brazilian Journal of Infectious Diseases, Vol 27, Iss , Pp 103473- (2023)
Druh dokumentu: article
ISSN: 1413-8670
DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103473
Popis: M.N., 51 anos, realizou transplante renal há 8 meses por doença renal crônica secundária à nefrolitíase. Em uso inicial de Micofenolato 4mg/dia, Prednisona 40mg/dia e Tacrolimus 16mg/dia. Evoluiu há 3 meses com declínio progressivo da função renal – aumento da creatinina basal em sete vezes, sem outros sintomas associados. Biópsia de enxerto por via percutânea revelou infiltrado mononuclear com plasmócitos e granulócitos, além de túbulos exibindo atipias nucleares compatíveis com infecção viral, positivas à marcação imuno-histoquímica por SV40. Os achados morfológicos configuram nefrite crônica tubulointersticial secundária a infecção por Poliomavírus. PCR quantitativo para poliomavírus BK de 9,44 × 105 cópias/mL. Prosseguida a abordagem com redução progressiva na imunossupressão do paciente, o qual mesmo com apenas Tacrolimus 10mg/dia manteve piora da função renal. Nova biópsia evidenciou fibrose e doença terminal por poliomavírus. Realizada imunoglobulina endovenosa 160g visando conter a progressão, no entanto, manteve piora e foi indicado à diálise no momento, além de novo transplante no futuro após carga viral indetectável. A infecção pelo poliomavírus BK tem taxas de soroprevalência de mais de 90% na população geral. O vírus permanece em latência no rim e nas células uroepiteliais, resultando em infecção apenas em hospedeiros imunocomprometidos, podendo levar a nefropatia em até 8% dos casos após transplante renal. Outras manifestações do vírus BK incluem estenose ureteral e cistite hemorrágica, observadas principalmente após transplante de células-tronco hematopoiéticas. Como a imunidade celular é mais suprimida no primeiro ano pós transplante renal, a replicação viral ocorre frequentemente durante esse período. A biópsia do aloenxerto é o padrão-ouro para o diagnóstico, além de auxiliar na avaliação da gravidade. Uma redução na intensidade da imunossupressão é o princípio geral para o tratamento, no entanto, ela mesma pode culminar em rejeição. A literatura descreve diversas terapias adjuvantes, ainda sem benefício claro, como uso de quinolonas, Cidofovir, Leflunomida e imunoglobulina intravenosa – esta última age por efeitos imunomodulatórios e, dessa forma, parece contribuir para a resolução da doença. Em caso de falha, pacientes com perda de enxerto podem ser retransplantados, alcançando altas taxas de sucesso clínico, sendo a nefrectomia do rim nativo não recomendada.
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