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A teoria da vinculação de Bowlby assume-se como a abordagem mais compreensiva do desenvolvimento pessoal e socioemocional ao longo da vida, integrando influências de teorias diversas. A importância das relações primárias na construção de novos padrões de relações significativas, ao longo do desenvolvimento, continua a suscitar investigações, e/ou intervenções clínicas, actualizadas e motivadas por com novas circunstâncias de vida. Neste trabalho estudam-se as relações entre vinculação parental, vinculação amorosa, satisfação com a vida e orientação para o futuro (ou esperança), em 262 jovens adultos portugueses, com idades entre os 18 e 34 anos (M=21.3; DP=3.12). A vinculação parental foi avaliada com a versão pais do Inventory of Parent and Peer Attachment (IPPA), a vinculação amorosa com o Romantic Attachment (QVA), a satisfação com a vida com o SWL, e a orientação para o futuro com a Escala de Esperança. Análises de correlação e de regressão revelam uma relação significativa (embora de baixa magnitude) entre vinculação parental e vinculação amorosa; com baixa variância da vinculação amorosa (quando explicada pela vinculação aos pais) sugerindo, como referem alguns autores, tratar-se de constructos diferentes. A vinculação aos pais correlaciona-se significativamente com a esperança (sendo positiva a relação entre score global IPPA e dimensões confiança e comunicação, e negativa a relação entre alienação do IPPA e esperança). A vinculação amorosa (score total e dimensões confiança, dependência e evitamento) não apresenta correlações significativas com as dimensões iniciativa e caminhos da Escala de Esperança; a relação entre esperança e satisfação com a vida é significativa (sendo elevado o coeficiente entre scores globais e entre a dimensão iniciativa e a satisfação com a vida). Os jovens da amostra revelam-se, de modo geral, satisfeitos com a vida e confiantes no futuro, mas estes sentimentos não apresentam relação com a vinculação amorosa. Os dados sugerem ainda que a vinculação parental influencia a percepção de satisfação com a vida e a esperança no futuro nestes jovens. Parece sair reforçada a importância da qualidade da vinculação aos pais, sustentada pela clássica teoria da vinculação. Outros vínculos se formam ao longo da vida, e particularmente nestas idades encetam-se explorações relacionais e novos vínculos, de diferente natureza – porém, de acordo com estes dados, a importância do papel das figuras primárias de vinculação não “se parece ressentir” destes vínculos amorosos, reconfirmando a teoria. Talvez que os que construíram representações seguras dos cuidadores tenham maior capacidade de resistência face a dificuldades ou rupturas nestas novas relações (românticas) – e daí a maior força das relações entre vinculação parental e orientação para o futuro. Novos estudos serão necessários para testar esta ideia; tendo sido utilizada uma amostra de conveniência da comunidade, seria interessante estudar a força destas mesmas relações (entre as variáveis estudadas) com uma amostra de jovens adultos de famílias disfuncionais e/ou de risco moderado. |