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O estudo teve como objetivo conhecer algumas tradições socioculturais das comunidades quilombolas e também conhecer e listar alimentos e remédios populares oriundos de animais com seus respectivos usos, na cozinha e em tratamentos de saúde. As comunidades pesquisadas estão localizadas na Serra do Espinhaço Meridional, em Diamantina (Minas Gerais, Brasil). A coleta de dados foi realizada por meio de dados antropológicos, observações, registros e caracterização dos recursos naturais e faunísticos com potencial alimentar e terapêutico, e também por meio de entrevistas, buscando identificar formas de utilização dos produtos locais. Evidenciamos fenômenos de ressignificação da natureza e interação socioambiental e cultural, expressas nas práticas tradicionais que caracterizam essas comunidades. Práticas essas que podem ser pensadas como técnicas num sentido mais alargado, como preconizado nos estudos de Milton Santos. As comunidades valoram a sua herança étnica e a memória coletiva do grupo, forjando assim uma tradição que incorpora inovações; embora apresentem dificuldades cotidianas derivadas do contraste entre o isolamento social no meio rural e ao mesmo tempo a presença de visitantes oriundos de grandes centros urbanos. Mostramos que as comunidades estudadas possuem uma cultura tradicional e popular onde expressam suas identidades étnicoculturais, de modo que as práticas/técnicas terapêuticas aqui apresentadas podem ser pensadas como patrimônio cultural imaterial, especialmente os saberes e práticas, que levam a elaborar a constituição do espaço que se pauta na relação natureza e sociedade. |