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Introdução: Os diferentes estudos realizados sobre crises socioeconómicas que ocorreram no passado, principalmente a crise de 2008/2009 que afetou praticamente todo o mundo, e em particular a Europa, tornou-se um campo de estudo muito importante comprovando a influência dos fatores sociais e económicos sobre a saúde mental das pessoas. Associado à pandemia COVID-19 desenvolve-se uma nova crise socioeconómica que, inevitavelmente afectará a saúde mental dos portugueses. No início do ano 2021, devido ao aumento dos casos de infeção COVID-19, a população portuguesa entra num segundo confinamento e é sujeita ao dever de recolhimento domiciliário, mantendo as escolas com o ensino presencial. Com o agravamento da situação, a 23 de janeiro o ensino voltou na modalidade à distância. O objetivo deste trabalho é avaliar o impacto que a pandemia teve na saúde mental dos estudantes do ensino superior, no momento em que decorre o segundo confinamento geral no país. Pretendeu-se avaliar os níveis de stress, ansiedade e depressão dos estudantes e conhecer as estratégias de coping por eles utilizadas. Metodologia: O estudo é exploratório, transversal e correlacional, utilizando uma amostra não probabilística de 441 estudantes do IPB a frequentarem cursos das diferentes escolas. Os dados foram recolhidos no início do 2º semestre do ano letivo 2020/21, período que coincidiu com o segundo confinamento nacional devido à pandemia COVID-19. Para a recolha de dados sobre o estado psicológico foi utilizada a escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21), para a avaliação das estratégias de coping a escala Escala Toulousiana de Coping (ETC). Ao questionário composto por estas duas escalas adicionamos variáveis sociodemográficas, familiares e situacionais relacionadas com a COVID-19. Resultados: A análise foi quantitativa, com recurso a técnicas de análise estatística descritiva e inferencial adequadas, incluindo o coeficiente de correlação de Spearman. Verificou-se que o reporte de dificuldade de acesso á internet, a um computador ou a alimentos causa aumento significativo dos níveis de ansiedade (p=.01). Os níveis de depressão aumentam com situações frequentes de dificuldade de acesso à internet e a alimentos. Os níveis de stress aumentam com a dificuldade de acesso à internet a situações de apoio frequente a familiares e amigos. A procura de cuidados médicos parece estar associada a aumento significativo de níveis de ansiedade, depressão e stress. Por outro lado, a prática de desporto diminui os níveis de depressão e a saída da habitação por motivos laborais reduz os níveis de depressão e de stress. Conclusão: A análise destes resultados revestem-se de grande importância para a prática clínica para que se possa garantir uma intervenção psicológica integrada e preventiva, adotando estratégias de treino da resiliência e de competências adaptativas de enfrentamento. |