INFUSÃO LENTA E CONTÍNUA DE PLAQUETAS INCOMPATÍVEIS EM PACIENTES COM REFRATARIEDADE PLAQUETÁRIA

Autor: DMR Speransa, LO Garcia, MT Garcia, L Sekine, JPM Franz
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2023
Předmět:
Zdroj: Hematology, Transfusion and Cell Therapy, Vol 45, Iss , Pp S778- (2023)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2531-1379
DOI: 10.1016/j.htct.2023.09.1407
Popis: Objetivos: A Refratariedade Plaquetária (RP) é definida quando não há incremento plaquetário adequado, em pelo menos duas transfusões de plaquetas consecutivas, ABO compatíveis, coletadas a menos de 48 horas, podendo ser de causa imune ou não imune. Quando a causa da RP é imune, está indicada a transfusão de plaquetas compatíveis. Porém, quando não há disponibilidade de plaquetas compatíveis e o paciente apresenta sangramento ativo, uma alternativa de tratamento é a infusão lenta e contínua de plaquetas (em inglês, 24-continuous infusion of platelet ou platelet drip), que tem como objetivo principal o controle do sangramento através da manutenção da integridade do endotélio. O objetivo deste estudo foi avaliar os casos de refratariedade plaquetária imune em que este protocolo foi aplicado. Material e métodos: Estudo retrospectivo que avaliou no período de março/2021 a maio/2023 os pacientes com refratariedade plaquetária imune, sem doador compatível, no cenário de sangramento ativo (WHO grau ≥2), que receberam plaquetas incompatíveis no protocolo de infusão lenta e contínua (drip). Para identificação dos anticorpos anti-HLA realizamos o Painel de Reatividade contra Antígenos HLA (PRA) Classe I (LABScreen®,Single Antigen, One Lambda Inc.) e a prova cruzada de plaquetas por citometria de fluxo. Neste teste, o soro do paciente é incubado com as plaquetas de um ou mais doadores, os resultados obtidos em valores de Fluorescência de Canal Mediano (MCF) são transformados em valores de Deslocamento de Canal Mediano (MCS), na qual a intensidade de fluorescência do soro do paciente é comparada ao valor de intensidade de fluorescência do controle negativo. A prova cruzada é considerada positiva quando MCS for ≥90 canais. As plaquetaféreses que apresentaram o menor MCS foram selecionadas para transfusão e fracionadas em alíquotas com volumes menores, de aproximadamente 50 a 120 mL, dependendo do peso do paciente. Posteriormente, foram infundidas em 2 a 4 horas, continuamente, até parar o sangramento. Resultados: Foram avaliados seis pacientes com idade 02‒65 anos e mediana 47 anos, que apresentaram sangramento ativo e uma contagem média de plaquetas de 2500 mil. O PRA classe I variou entre 73%‒98%. O MCS das plaquetas infundidas variou de 228‒445. Os diagnósticos eram leucemia mielóide aguda, leucemia linfoblástica aguda B Ph+, leucemia promielocítica aguda, anemia aplásica, leucemia mielocítica crônica, mieloma múltiplo; dois desses pacientes (33%) realizaram transplante. O protocolo drip ficou ativo em uma média de 3 dias. Discussão: Em todos os casos analisados, as hemorragias cessaram e não foram reportadas reações durante as infusões de plaquetas incompatíveis. A média em dias para a recuperação plaquetária (alvo de 10 mil), após desativação do protocolo, foi de 7 dias. Conclusão: A transfusão lenta e contínua de plaquetas se mostrou uma abordagem eficaz e segura para pacientes com refratariedade plaquetária imune, incluindo os hipersensibilizados (PRA >80%), que não apresentam plaquetas compatíveis e necessitam de uma alternativa terapêutica para controle de sangramento crítico, que em alguns casos pode ser fatal.
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