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Ao longo da História, conforme acompanhamos o desenvolvimento de diversas práticas culturais observáveis na espécie humana, em suas diversas configurações sociais, percebe-se um recorrente esforço intelectual voltado a explicar os fenômenos naturais do mudo. No passado, narrativas como as alegorias míticas prestavam-se a esse papel, assim como faziam – e ainda fazem – as crenças religiosas. Os esforços mais críveis, na contemporaneidade, concentram-se contudo na aplicação do método científico para a compreensão do mundo. John Gray, em sua análise, divide essa busca pela compreensão através da ciência em duas vertentes: a ciência mundana (que é empírica) e uma “outra ciência”, que busca a verdade transcendental e pode desencadear, no fim das contas, uma fé no progresso e num humanismo científico que, ironicamente, remete à própria fé religiosa ou mesmo às alegorias míticas do passado. Assim, o progresso científico e uma espécie de salvação por meio da ciência tornam-se os mitos da contemporaneidade, cujos traços ficam perceptíveis nas narrativas contemporâneas de ficção científica, que buscam traduzir o ímpeto do espírito humano. |