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Introdução: Leucemia Cutis ou cutânea ocorre pela infiltração de pele por leucócitos neoplásicos que podem ser secundários à leucemia linfocítica crônica (LLC) ou leucemia mieloide aguda (LMA). Em pacientes que possuem síndrome mielodisplásica as lesões podem ser o primeiro indicativo de sua conversão em leucemia. Ocorre geralmente na doença avançada e pode ser um indicativo de sua conversão em leucemia. Esse tipo de alteração pode ocorrer antes da alteração hematológica, durante a doença ou como um indicador de recidiva da doença. Relato de caso: Paciente sexo feminino, 55 anos, diabética, hipertensa, esquizofrênica e filha adotiva sem HLA aparentado. Apresentava fraqueza, perda de peso acentuada e dificuldade de deambular. Hemograma Hb:7,3, Ht:23, Leucócitos 2.500 (9% de blastos hipogranúlicos, alguns com bastonetes de Auer). O mielograma exibia medula hipercelular, infiltrada por 53% de células imaturas com bastonetes de Auer. Imunofetipagem: CD13, CD33, CD34, CD45, CD64, CD117 e HLADR positivos; CD3cy, CD79a negativos. Compatível com LMA com mínima diferenciação. Iniciado tratamento padrão com indução com Citarabina e Daunorrubicina, posterior consolidação com high-dose de Citarabina com boa resposta e remissão medular, recebendo a paciente alta hospitalar. Após 2 meses do último ciclo de quimioterapia a paciente retornou devido a presença de lesões dermatológicas disseminadas, ao exame físico: Descorada, lesões cutâneas papulares, acastanhadas, bordos delimitados, algumas ulceradas, não pruriginosas, acometendo membros inferiores, superiores e couro cabeludo. Imuno-histoquímica da biópsia de lesão cutânea foi positiva para mieloperoxidase, CD45 (clone UCHL1), CD68 (clone KP1); resultado inconclusivo para CD4 (clone 4B12) e TDT (clone EP266), pesquisa para mutações FLT3 ITD e FLT3 TKD foram negativas; dessa forma, o perfil imuno-histoquímico associado aos achados morfológicos e contexto clínico, favoreceram o diagnóstico de leucemia cutis. Conclui-se que se tratava de uma recaída precoce com o aparecimento de lesões cutâneas e infiltração medular por blastos. Iniciado novo tratamento sem melhora clínica e posterior óbito por complicações por aplasia medular secundária. Discussão: A importância deste relato, caracteriza-se por ser doença rara e de mau prognóstico, com baixa sobrevida entre 7 a 12 meses, conforme desfecho clínico do relato e que pode ocorrer em diferentes estágios da doença. São de importante destaque a correta orientação dos possíveis sinais de recidiva da doença, além da apresentação dermatológica das lesões cutâneas nodulares, papulares, acastanhadas ou eritemato violáceas que permitem a suspeita clínica para o diagnóstico histológico precoce, evitando atrasos no tratamento. Conforme literatura vigente, o tratamento da doença é sistêmico, com quimioterapia sendo discutível o tempo de sobrevida diante desses casos. |