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O acesso à Educação Superior (ES) no Brasil expandiu-se considerando as modificações ocorridas com as políticas inclusivas, bem como às voltadas especificamente para os surdos. Assim, há de se considerar que os surdos, que atualmente, frequentam o ES trazem o legado das práticas pedagógicas que foram submetidos na Educação Básica, bem como o capital cultural “transmitido”. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é compreender as condições de letramento do surdo universitário, relacionando-as a sua inserção na cultura escrita e as implicações para a permanência na universidade. É uma pesquisa qualitativa, tratando-se de um estudo de caso de dois estudantes surdos de uma universidade pública do sul do país. A leitura e a escrita dos gêneros acadêmicos são realizadas geralmente na universidade, pois a produção desses gêneros é inerente à instituição universitária. Sob uma perspectiva bakhtiniana, discute-se a apropriação de gêneros secundários na esfera do conhecimento em que são constituídos: na universidade. Conclui-se que o fato dos sujeitos não dominarem de forma proficiente a Língua Portuguesa na modalidade escrita (L2) não interferiu a permanência e o sucesso acadêmico dos surdos envolvidos nessa pesquisa quando imersos a um contexto educativo universitário em que a Libras é priorizada. Essa falta de domínio não impediu o ingresso na ES, em nível de graduação e, posteriormente, na pós-graduação e de apresentarem desempenho acadêmico compatível com a complexidade exigida em tais níveis de educação, muito embora as práticas de letramento dos sujeitos e a transmissão de capital cultural tenham se revelado um diferencial nesse processo para o domínio da L2. |