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Este artigo investiga possíveis desdobramentos da referência que Carlos Santiago Nino faz a Jorge Luis Borges, no quinto capítulo de sua Introdução à análise do direito, quando da apresentação do assim denominado realismo verbal. O texto de Borges, citado por Nino, é o poema El Golem, que narra a história do rabino Judá León, que havia logrado, por meio de rituais específicos, criar outro homem. Nesse sentido, este estudo desenvolve suas próprias considerações acerca do poder evocativo das palavras e do papel desempenhado pela crença na existência de uma relação ínsita entre as coisas e as palavras. Para tanto, descreve o seu percurso de análise desdobrando a referência imediata de Borges, o Crátilo de Platão, bem como referências mediatas, como o Fausto de Goethe, que compartilha de narrativa semelhante. Ao perguntar pelos contornos que o realismo verbal atribui às regras definitórias que constituem o universo retratado por Borges, este artigo conclui que as palavras, em contextos rigorosamente normados, servem para chamar certos fenômenos ao acontecimento e que o realismo verbal, enfim, tem uma dimensão não desenvolvida por Carlos Santiago Nino. |