Popis: |
Neste artigo, reflito sobre o uso, como fonte histórica, das narrativas do político, intelectual e magistrado Paulino Nogueira Borges da Fonseca (1842-1908) a respeito das execuções por pena de morte no Ceará entre os anos de 1825 e 1855. Sem pretensão de invalidar uma das mais importantes fontes históricas sobre o tema, problematizo como pessoas, especialmente negras, livres e cativas, foram referidas em seus textos, a fim de compreender a escrita de Nogueira como uma diversão erudita destinada à sensibilidade de pequenas e médias elites em busca da consolidação de uma ordem social no pós-abolição por meio do humanismo penal como estratégia de controle social. No caso de pessoas negras, essa diversão erudita, em grande medida, se constituiu com a criação e fixação de imagens de controle atribuídas às pessoas apenadas, que convergem para a liberdade como cativeiro estendido e para a naturalização do corpo negro como lócus de sofrimento. |