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Objetivos: O objetivo desse relato de caso é enfatizar a importância da monitorização regular do hemograma e da contagem de plaquetas em pacientes com COVID-19, especialmente aqueles com risco de desenvolver agranulocitose. Materiais e métodos: Os dados foram obtidos por meio de uma busca ativa nas evoluções de um paciente atendido no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP). O paciente foi admitido devido à infecção por SARS-CoV-2, e as informações foram extraídas do prontuário eletrônico disponível no sistema de gerenciamento do hospital, Tasy®. Relato de caso: A agranulocitose é uma condição grave que pode ocorrer em pacientes infectados pelo COVID-19, impactando negativamente o prognóstico. Neste estudo de caso, temos o relato de uma paciente do sexo feminino, com histórico de hipertensão e diabetes tipo 2. Paciente MMA, 81 anos, foi internada em um Hospital Universitário no Paraná devido a sintomas como febre, tosse, dispneia, fraqueza generalizada, anosmia e tomografia computadorizada do tórax com padrão em vidro fosco bilateral acometendo 50% do parênquima pulmonar os quais levantaram suspeita de COVID-19. Foi realizado RT-PCR reagente para COVID-19 em swab de nasofaringe. No momento da admissão, exames de sangue foram realizados para avaliar o estado geral e hematológico da paciente. Os resultados dos exames revelaram níveis elevados de proteína C reativa, com um valor de 47,1 mg/dL, ferritina sérica > 2.000 ng/mL, provas de coagulação (TAP e TTPA), função renal, DHL e troponina sem alterações. Além destes, o hemograma mostrou uma baixa contagem de leucócitos (400/mm3), indicativa de agranulocitose e leucopenia grave. Houve também uma significativa redução nos neutrófilos (11/mm3), com desvio à esquerda até bastão (2/mm3). Por outro lado, houve um aumento expressivo nas contagens de linfócitos (83 mm3). Adicionalmente, a contagem de plaquetas estava reduzida, apresentando-se com 34.000/mm3 plaquetas e evidente anisocitose plaquetária. Para o tratamento, a paciente recebeu antibióticos de amplo espectro e Filgrastim (G-CSF), uma medicação específica utilizada para estimular a produção de células brancas do sangue na medula óssea. Essas intervenções resultaram em uma melhora notável nos valores das células sanguíneas: leucócitos (5000/mm3), neutrófilos (30/mm3), bastões (11/mm3), linfócitos (49/mm3) e plaquetas (110.000/mm3). No entanto, apesar dessa melhora, infelizmente a paciente não respondeu ao tratamento e veio a óbito devido a complicações relacionadas à doença. Este caso clínico enfatiza a importância da monitorização regular do hemograma e da contagem de plaquetas em pacientes com COVID-19, especialmente aqueles com risco de desenvolver agranulocitose. A detecção precoce de alterações nesses parâmetros pode auxiliar os profissionais de saúde a iniciarem tratamentos eficazes de forma ágil, melhorando o prognóstico e prevenindo complicações graves. A associação de agranulocitose (granulócitos < 500/mm3) e COVID-19 já foi reportada em poucos pacientes sem doença prévia. A maioria dos pacientes estavam em terapia antineoplásica, sendo que destes pacientes todos necessitaram de terapia intensiva e evoluíram a óbito. Em conclusão, relatamos um caso raro de agranulocitose em um paciente previamente hígido infectado por Sars-CoV-2, condição esta, que necessita de medidas terapêuticas imediatas devido ao alto risco de complicações infecciosas graves e óbito. |