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Este artigo propõe dialogar com alguns resultados de um estudo etnográfico que teve como unidade de análise os trajetos das crianças casa-escola-casa em um bairro popular de Vitória/ES. Por meio de observações, redes de conversações, desenhos, caminhadas pelas ruas e recursos geotecnológicos variados, apreende-se uma realidade produzida pelas crianças, forjada no interior das experiências que fazem com e na cidade e nas ruas onde moram ou transitam. Destaca-se o quanto as crianças conhecem, experenciam, estranham e desafiam uma cidade pouco desvelada na e pela escola. Ao mesmo tempo em que são vítimas de suas contradições e perversidades, aprendem, nas urdiduras da vida cotidiana, a estabelecer outros vínculos possíveis e a fazer sobressair formas de sobreviver e apreender os acontecimentos. Os bloqueios e as possibilidades de viver a infância em situações diárias tão complexas e desafiadoras; a transitoriedade de fronteiras antes percebidas e enrijecidas; o enfrentamento das tramas costumeiras da violência e das pelejas da vida; o modo como redefinem formas de habitar em um urbano atravessado por circuitos perversos da desigualdade e de injustiça; o modo como formulam expectativas, opiniões e ressignificam o lugar ondem moram e estudam parecem indicar a necessidade de uma epistemologia sobre a cidade em companhia das crianças. |