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Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as concepções de beleza que integram a identidade de duas famílias negras mineiras: uma quilombola (matriarcal) e uma irmandade católica (patriarcal). Partindo do pressuposto que a concepção de beleza se relaciona com a identidade coletiva, foram investigados os aspectos históricos, culturais e de identidade social e familiar que influenciavam as concepções de beleza, com fundamentação nos conceitos do Psicodrama e nas intervenções etnodramáticas realizadas por J. L. Moreno, assim como em estudos filosóficos e culturais-feministas sobre a beleza e a corporeidade. Foi realizada uma pesquisa-ação através de entrevistas, observação participante e intervenções sociodramáticas – o etnodrama – com ambas as famílias. Os resultados revelaram aspectos comuns – padrões éticos de dignidade nas relações interpessoais – e diferenciados nos dois tipos de família. A família de irmandade católica, centrada na autoridade patriarcal, enfatizou a "beleza interior" e os aspectos relacionais como harmonia, união, aceitação e paciência nas relações intrafamiliares. Na família quilombola, centrada na autoridade matriarcal, a beleza se "exteriorizou" na cor da pele e no aprendizado das mulheres em se fazerem e se sentirem bonitas, alicerçado na força dos cuidados e do amor da matriarca. Esta pesquisa, ao retomar análises morenianas do problema étnico-racial, pode contribuir para estudos antropológicos em Psicodrama. |