Fechamento das escolas na pandemia de COVID-19: impacto socioemocional, cognitivo e de aprendizagem

Autor: Rochele Paz Fonseca, Giovana Coghetto Sganzerla, Larissa Valency Enéas
Jazyk: English<br />Spanish; Castilian<br />Portuguese
Rok vydání: 2020
Předmět:
Zdroj: Debates em Psiquiatria, Vol 10, Iss 4 (2020)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2763-9037
2236-918X
DOI: 10.25118/2763-9037.2020.v10.23
Popis: A pandemia de COVID-19 acarretou, em nível mundial, o fechamento das escolas por até aproximadamente 8 meses em 2020. Um dos períodos mais longos de afastamento de crianças e adolescentes da aprendizagem presencial e da convivência social ocorreu e ainda ocorre no Brasil. Embora não se possa negar que muitas características do vírus e de suas consequências sejam ainda pouco conhecidas, as evidências e estimativas até o momento embasam um posicionamento a favor da abertura das escolas, com todos os cuidados recomendados por órgãos científicos e representativos da saúde e da educação. Este artigo visa mapear evidências e documentos científicos com interpretações da neuropsicologia e da medicina acerca do impacto individual e coletivo socioemocional, cognitivo e de aprendizagem acadêmica do fechamento das escolas durante a pandemia. Crianças, quanto mais jovens forem, tendem a se desenvolver muito em poucos meses, considerando-se evidências neurocientíficas das janelas ótimas de desenvolvimento. A convivência social e a formação/consolidação de hábitos de aprendizagem socioemocional, de leitura e estudos oportunizadas no ambiente escolar são únicas. Três argumentos-chave são abordados e sinteticamente analisados no presente artigo: 1) os indícios sobre transmissibilidade e epidemiologia da COVID-19 em crianças e familiares/professores a elas relacionados alicerçam relativa segurança de que haja menos riscos e mais benefícios; 2) os prejuízos para o desenvolvimento cognitivo, socioemocional e de aprendizagem escolar propriamente dita para estudantes já estão sendo fortemente evidenciados, além das estimativas de impactos geracionais de longo prazo a serem observados por pelo menos quatro décadas; e 3) a saúde mental e o custo de trabalho posterior para pais, professores e instituições escolares encontram-se em zona de risco. Por fim, além de evidências, reflexões finais que respeitam que o cerne desta análise está sob um campo de decisão individual são abordadas, contrapondo-se também à relevância de se considerar o impacto coletivo para o desenvolvimento de uma geração e de uma sociedade com 1 ano ou mais de vivência escolar interrompida, principalmente no contexto da vulnerabilidade sociocultural, econômica, emocional e cognitiva.
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