Transporte de matacões e blocos por ondas no litoral brasileiro: desafio para a engenharia, realidade para a geomorfologia

Autor: Antonio Paulo Faria
Jazyk: English<br />Spanish; Castilian<br />Portuguese
Rok vydání: 2024
Předmět:
Zdroj: Revista Brasileira de Geomorfologia, Vol 25, Iss 3 (2024)
Druh dokumentu: article
ISSN: 1519-1540
2236-5664
DOI: 10.20502/rbgeomorfologia.v25i3.2483
Popis: No Brasil foram construídos aproximadamente 300 km de enrocamentos para proteger o litoral das ondas de tempestades marinhas, conforme mensurações realizadas neste trabalho. Nas costas expostas e semiexpostas os enrocamentos de aterro, guia-correntes e quebra-mares estão passando por metamorfoses devido à ação das ondas, e alguns estão sendo destruídos. Isso foi provado porque algumas dessas estruturas de engenharia apresentam formas de cúspide produzidas pelo transporte de matacões e blocos pelas ondas. A maioria dos enrocamentos não tem cúspides, mas o transporte dos fragmentos de rocha é intenso e os processos de arredondamento estão fragilizando essas estruturas. Alguns estão se transformando em praias de matacões. Nos enrocamentos da Marina da Glória e do aeroporto Santos Dumont, situados em compartimento semiexposto da Baía de Guanabara, ondas acima de 2 m de altura transportaram blocos de até 3650 kg por 10 m de distância, até o topo dos enrocamentos situados entre 3 e 5 m acima do nível do mar. Matacões grandes pesando aproximadamente 1000 kg foram carreados por 60 m. Nos litorais expostos a taxa de transporte é maior por receberem ondas mais altas e com maior frequência. Entre agosto de 2016 e setembro de 2023 foram geradas 96 tempestades que produziram ondas com altura máxima (Hmax) entre 4 e 8 m no Rio de Janeiro, registradas pelas boias do sistema SiMCosta. No guia-corrente de Saquarema (RJ) blocos de até 5400 kg foram depositados a 3 m de altura e a 23 m de distância da água. As mensurações foram feitas com metodologia inédita que consiste em mapear matacões e blocos com incrustações de cracas e ostras, que se encontram acima da linha máxima de maré. Foi feito também o monitoramento da movimentação dos fragmentos de rocha com fotografias temporais tiradas de um mesmo ponto e mesmo ângulo. Os resultados podem dar subsídios para os projetos de engenharia costeira e ajudam a geomorfologia e a geologia a entender melhor a dinâmica das praias de matacões e praias de blocos da costa rochosa brasileira.
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