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Resumo Contrapondo as teorias sobre as literaturas afro-brasileira, negro-brasileira e o romance moderno, retomamos as noções de autor implicado, pacto de leitura e leitor desconfiado para indicar na dissimulação machadiana o esvaziamento de poder do leitor idealmente branco. Sugerimos que a teoria do romance moderno europeu é insuficiente para abarcar os procedimentos narrativos de Machado, próprios de uma sociedade cujas relações étnicas se assentam sobre a escravidão. Vendo em Aires o último dos narradores machadianos indignos de confiança, indicamos as bases escravistas da cordialidade do conselheiro em suas anotações sobre a Abolição. Concluímos que o leitor desconfiado, diante do romance machadiano, recupera o pacto de confiança no autor real, cujos artifícios retóricos marcam a indignidade das vozes narrativas de nossas elites. |