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Este trabalho tem como objetivo mostrar, a partir da manifestação de Davi Kopenawa em Hutukara, grito da terra (2021) e do livro Narrativas Kaingang (2023), a contribuição dos povos indígenas no cenário atual, tanto para a sociedade como um todo, como para os espaços acadêmicos. Esta escrita traz como inovação as epistemologias indígenas na voz de um pesquisador kaingang, já que sua metodologia se baseia na pesquisa autorreferenciada em elementos da cultura própria. Com isso, evidencia a contranarrativa a partir de um movimento de cruzamento de mundos, ou seja, dos conhecimentos ancestrais e milenares que atravessam os diversos muros e barreiras que separam os territórios conhecidos dos desconhecidos. Tais fronteiras e mundos, que são imposições dos Fóg (não indígenas), são considerados perigosos para os indígenas no sentido de participarem de uma experiência intercultural perturbada pela hegemonia do sistema moderno ocidental, que ignora tanto o pertencimento à terra como a dimensão da espiritualidade, ligada a mundos não humanos e à natureza. |